Guaíba tem maior cheia já registrada após chuvas no RS
Nível do lago supera o da cheia histórica de 1941; Tempestades afetam mais de 250 cidades
04/05/2024 07h00O número de mortos em decorrência das chuvas que atingem o Rio Grande do Sul chegou a 57. Os temporais causaram estragos em 265 dos 496 municípios do estado e afetaram mais de 350 mil pessoas.
Ao atualizar os números na tarde da última sexta-feira (3), o governador do estado, Eduardo Leite, disse que a situação ainda é crítica especialmente nas regiões central, vales e serra.
Ele também fez um alerta para os moradores de Porto Alegre e região metropolitana, por causa da cheia do Lago Guaíba, que atingiu na madrugada deste sábado (4) a marca de 4,96 metros, a maior enchente da história, de acordo com informação da Defesa Civil de Porto Alegre. O recorde anterior era de 4,76 metros, registrado na cheia histórica de 1941.
A Defesa Civil informou ontem que 32.248 pessoas estão fora de casa, das quais, 8.168 se encontram em abrigos e 24.080 estão desalojadas, na casa de familiares ou amigos.
Na última quarta-feira (1º), o governo do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública devido às chuvas intensas que atingem o estado. Na quinta-feira (2), a barragem 14 de Julho, na Serra Gaúcha, colapsou parcialmente. As autoridades locais pediram para que a população da região saia o mais rápido possível de suas casas. Ao menos 19 barragens no estado estão em estado de alerta ou atenção.
Eduardo Leite, afirmou que as chuvas já prenunciam o "maior desastre da história gaúcha" em termos de prejuízo material. Segundo ele, a situação é "pior" do que a registrada no ano passado, quando as inundações causaram mais de 50 mortes e grandes danos materiais.
"Infelizmente, este será o maior desastre que nosso estado já enfrentou. Infelizmente, será maior do que o que assistimos no ano passado", afirmou Leite a coletiva de imprensa no início da noite em Porto Alegre.
Devastação
A Defesa Civil afirmou que a maior parte das bacias hidrográficas do estado correm risco de inundação. Há ainda risco de deslizamentos, especialmente na Serra e nos vales dos rios Taquari e Caí.
As aulas nas escolas da rede pública estadual também foram suspensas até esta sexta.
A previsão do tempo é de que há ainda risco de chuva no Rio Grande do Sul pelo menos até este sábado. Nos últimos quatro dias, choveu no estado o equivale a três vezes a média para esta época do ano, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
"Estamos vivendo um momento muito crítico no estado", acrescentou Leite antes de usar expressões como "guerra" e "caos" para se referir à situação. De acordo com o governador, deslizamentos de terras estão ocorrendo em boa parte do estado e barragens estão sendo monitoradas, embora ainda não haja evidência de risco de rompimento dessas estruturas.
Apoio do governo federal
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o estado na última quinta-feira. Após desembarcar em Santa Maria, o presidente se reuniu com o governador e outras autoridades locais, além de prestar solidariedade às famílias afetadas. Lula prometeu ainda recursos federais para ajudar o estado.
"Em um primeiro momento, temos que salvar vidas. Em um segundo tempo, vamos fazer a avaliação dos danos e buscar dinheiro para reparar", afirmou Lula. "É o segundo em um ano que acontece. Então é preciso que a gente comece a ficar preocupado em cuidar do planeta Terra com muito mais carinho, com muito mais amor", acrescentou.
Segundo o Ministério da Defesa, desde esta quarta-feira, 335 militares da Aeronáutica, Exército e Marinha foram mobilizados para prestar apoio à população gaúcha, com ajuda de 12 embarcações, cinco helicópteros e 43 viaturas, além de equipamentos para transporte de material e pessoal. Os governos de outros estados, como São Paulo e Santa Catarina, também ofereceram ajuda.
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