A carta se refere explicitamente à "disputa do Brasil com Elon Musk", o bilionário que é dono da rede social X(ex-Twitter). Entre os signatários estão os economistas franceses Gabriel Zucman, Julia Cagé e Thomas Piketty e o ex-ministro da Economia da Argentina Martín Guzmán.
Na carta, os intelectuais afirmam que o caso brasileiro se tornou a principal frente num conflito global que opõe as grandes corporações de tecnologia àqueles que "buscam construir um espaço digital democrático e centrado nas pessoas, com foco no desenvolvimento social e econômico."
"Todos aqueles que defendem valores democráticos devem apoiar o Brasil em sua busca pela soberania digital", afirmam. "Quando seus interesses financeiros estão em jogo, elas [as grandes empresas de tecnologia] trabalham de bom grado com governos autoritários."
"A disputa do Brasil com Elon Musk é apenas o mais recente exemplo de um esforço mais amplo para restringir a capacidade de nações soberanas de definir uma agenda de desenvolvimento digital livre do controle de megacorporações sediadas nos EUA", afirmam os signatários da carta aberta, intitulada Contra o Ataque das Big Tech às Soberanias Digitais.
Democracias em risco
Os signatários afirmam que a X e outras empresas se organizam para "minar iniciativas que visam a autonomia tecnológica do Brasil" e, mais ainda, "enviam uma mensagem preocupante para o mundo: países democráticos que buscam independência da dominação das big techs correm o risco de ter suas democracias perturbadas, com algumas big techs apoiando movimentos e partidos de extrema direita."
Para os signatários, as grandes empresas de tecnologia "e líderes da extrema direita" reclamam de desrespeito à democracia e liberdade de expressão. Porém, "justamente porque o espaço digital carece de acordos regulatórios internacionais e democraticamente decididos, as grandes empresas de tecnologia operam como governantes, determinando o que deve ser moderado e promovido em suas plataformas."
Também assinam o documento intelectuais brasileiros, como o ex-diretor-geral da FAO José Graziano e os professores universitários Helena Martins, da Universidade Federal do Ceará, Marcos Dantas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Sergio Amadeu da Silveira, da Universidade Federal do ABC.
as/cn (OTS)
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