Pequim quer aumentar significativamente a emissão de dívida do governo para reavivar crescimento, em seu maior plano de impulso econômico desde a crise financeira global de 2008.A China anunciou neste sábado (12/09) um novo pacote de estímulo à economia com base em um aumento considerável em sua emissão de dívida pública, no intuito de apoiar os governos regionais, os cidadãos de baixa renda, o mercado imobiliário e os bancos estatais.
Segundo o Ministro das Finanças Lan Foan, o país emitirá 2,3 trilhões de yuans (R$ 1,83 trilhão) em títulos especiais nos próximos três meses para impulsionar a economia, naquele que seria o maior programa de estímulo desde a crise financeira global de 2007-2008.
Lan disse que o teto da dívida será rebaixado para os governos regionais, que terão a liberação de fundos para gastarem em infraestrutura e na proteção aos empregos.
"Atualmente, estamos acelerando o uso de títulos adicionais do tesouro e títulos especiais de prazo ultralongo que também estão sendo emitidos", disse o ministro, acrescentado que haverá mais "medidas anticíclicas" este ano. "Ainda há um espaço relativamente grande para a China emitir dívida", acrescentou.
O estímulo fiscal na China tem sido objeto de intensa especulação nos mercados financeiros, após uma reunião em setembro do Politburo do Partido Comunista que deixou evidente um senso maior de urgência em relação aos crescentes impactos econômicos sobre o país.
Meta de crescimento sob risco
A segunda maior economia do mundo enfrenta grandes pressões deflacionárias devido a uma forte desaceleração no mercado imobiliário e à queda na confiança do consumidor.
A crise no setor imobiliário contribui para a desaceleração do consumo, enquanto os chineses preferem poupar seu dinheiro ao invés de gastá-lo. Soma-se a isso o fato de muitas pessoas estarem em busca de trabalho. Segundo dados oficiais, o desemprego na faixa etária de 16 a 24 anos aumentou 18,8%.
Tudo isso expôs a dependência excessiva da economia chinesa nas exportações, em um momento em que suas relações comerciais globais se tornam cada vez mais tensas.
Vários indicadores econômicos não corresponderam às previsões dos últimos meses, o que gerou preocupações entre economistas e investidores de que a meta de crescimento do governo para este ano, de cerca de 5%, estaria em risco e que uma desaceleração estrutural de longo prazo pode estar se aproximando.
O tão aguardado pacote de estímulo à economia se tornou o ápice de uma série de medidas anunciadas nas últimas semanas, que incluem cortes nas taxas de juros e liquidez para os bancos.
rc (AFP, Reuters, DPA)
REDES SOCIAIS