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Paris. Fevereiro do ano de 1888. O frio úmido da capital francesa mistura-se aos vapores do trem recém-chegado na estação. A paisagem melancólica do inverno europeu parece combinar com a fumaça expelida pela chaminé da do comboio – uma mesma massa branca que faz o tempo estacionar em compassos melancólicos. Na plataforma da estação, um homem de ombros largos, cabelos ruivos e barba espessa rompe a imobilidade da cena. Com passos lentos, ele caminha para entrar na composição. O destino é a região da Provença, sul do país, lá onde a promessa é a de dias mais amenos e mais acalentadores... Este poderia ser um personagem qualquer perdido em suas crises pessoais no meio das páginas da história, não se chamasse ele Vincent Van Gogh, o pintor e mestre absoluto das cores.
Van Gogh é conhecido por nós por suas telas luminosas e coloridas. Ele desejava que a pintura funcionasse como uma espécie de evangelho, um canal de acesso a visões intensas. A labuta deprimente e enfadonha do homem comum e sua penosa caminhada pela vida se converteriam num enlace amoroso com a natureza, numa revelação do infinito aqui na terra. Para Van Gogh, a arte tinha uma função religiosa. Um quadro era ele próprio a expressão manifesta de uma revelação.
Quem gosta de música clássica deverá encontrar uma preciosa oportunidade para experimentar a intersecção entre artes compostas por linguagens diversas. Ainda que restritas às suas respectivas ferramentas poéticas: cores, timbres e palavras podem convergir para erguer um entendimento comum sobre a natureza humana. É nesta simbiose entre dramaturgia, música e pintura que o programa A Grande Orquestra do Mundo & Os Maestros da Pintura pretende mergulhar.
O programa A Grande Orquestra do Mundo & Os Maestros da Pintura vai ao ar na Cultura FM às quintas-feiras no horário das 23h, com reprise aos sábados às 9 da manhã.
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