Em 2001, o Piccolo Concerto Wien gravou os Divertimentos 2, 3 e 5 do opus 16, do compositor italiano Luigi Boccherini, que viveu a maior parte de sua vida na Península Ibérica, sobretudo em Madri. O registro era tão bom que não apenas foi relançado dez anos depois, em 2011, pelo selo Accent, como agora, já em plena pandemia, em 2020, o segundo volume completa o opus 16 de modo igualmente admirável.
Na verdade, a música camerística de Luigi Boccherini (1743-1805) é pouco conhecida – exceto o quinteto de cordas com castanholas e a “Ritirata notturna di Madrid”, dois hits que atravessaram séculos. Mas ele produziu muito. E desde sua morte, na miséria, pouco mais de dois séculos atrás, sua música vem sendo redescoberta num ritmo vagaroso demais, que não corresponde à qualidade musical de sua produção.
É o caso destes seis divertimentos para flauta, dois violinos, viola, dois violoncelos e “basso ripieno”, aqui a cargo de um contrabaixo. Estes divertimentos vinham sendo interpretados como concertos para flauta, mas com certeza soam melhor nesta versão. Apesar do título – divertimentos --, na verdade eles deveriam ser qualificados como sextetos de cordas e flauta. Apresentam-se em três ou quatro movimentos consistentes, em vez da música de salão que caracterizou, por exemplo, as obras neste formato –mais ligeiras de Haydn e de Mozart (as primeiras que ele escreveu).
Em instrumentos de época, o Piccolo Concerto Wien mostra-se inteiramente à vontade neste repertório. Juntos, os dois álbuns contendo os seis divertimentos opus 16 de Boccherini são referenciais.
A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.
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