Fundação Padre Anchieta

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Reprodução da internet
Reprodução da internet Trevor Pinnock

Ouça o álbum completo:


Depois de conquistar prestígio mundial dirigindo por três décadas o English Concert, grupo de música historicamente informada, entre 1972 e 2002, o cravista e regente inglês Trevor Pinnock vive, aos 75 anos, um momento particularmente gratificante em sua excepcional carreira. Atua agora como free lancer regendo também orquestras modernas convencionais como a Orquestra de Câmara da Europa. Sua base é a Royal Academy of Music em Londres, escola onde estudou e retornou anos atrás para dirigir projetos especiais. Num deles, reviveu a Sociedade de Execuções Musicais Privadas, projeto iluminista concebido por Arnold Schoenberg em Viena. Por três anos, entre 1918 e 1921, Schoenberg manteve uma série de concertos para apresentar as novas obras em execuções de alto nível e iluminar as grandes obras sinfônicas do passado recente por meio de reduções para grupos camerísticos. Despidas do multicolorido da aquarela de timbres sinfônicos, afloravam as entranhas e a estrutura descarnada da composição.

O primeiro CD de Pinnock com músicos da Royal Academy, em 2013, reproduziu um programa da sociedade de Schoenberg: versões de Erwin Stein para o Prelúdio na Sesta de um Fauno, de Debussy, e a Quarta Sinfonia de Mahler. Outros grupos gravaram antes estas transcrições. O segundo foi outra ousadia. Pinnock agiu como Schoenberg quase um século atrás: encomendou a Anthony Payne uma redução da Segunda Sinfonia de Anton Bruckner.

Pouco antes da pandemia, colocou em prática seu terceiro projeto ousado: apresentou no Wigmore Hall londrino em 2019, pouco antes da pandemia que paralisou o mundo, o arranjo interessantíssimo que Józef Koffler fez em 1938 das “Variações Goldberg”, de Bach, Um arranjo que trocou o cravo por oboé, corne-inglês, fagote e cordas.

Nos últimos oitenta anos, as Goldberg que fizeram a glória instantânea de Glenn Gould em 1956 vêm sendo tocadas em todo tipo de arranjos, até com quarteto de saxofones. É curioso como o arranjo camerístico de Koffler flui suavemente na escuta. Sinal dos tempos: nesta gravação juntaram-se músicos da Royal Academy de Londres com outros da Glenn Gould School do Conservatório de Toronto.


A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.