Fundação Padre Anchieta

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Reprodução da internet Alvaro Cassuto

Ouça o álbum completo:


O CD desta semana na Cultura FM uma autobiografia musical do maestro português Álvaro Cassuto, nascido no Porto 83 anos atrás. Seu nome está ligado às mais importantes orquestras lusitanas neste último meio século. Reúne gravações de concertos radiofônicos entre 1988 e 2003 pela Rádio e Televisão de Portugal, com Cassuto à frente da Nova Filarmonia Portuguesa, Orquestra Sinfônica Portuguesa e Orquestra do Algarve.

O repertório é muitíssimo conhecido, só com clássicos que estão no inconsciente do grande público. Peças como “Espanha”, de Chabrier, s abertura de “Ruslán e Ludmila” de Glinka, o prelúdio do terceiro ato de “Lohengrin” de Wagner, a “Dança dos Sete Véus” de “Salomé” de Richard Strauss e até duas Danças Húngaras de Brahms.

O interessante neste álbum é avaliar o nível da prática sinfônica em Portugal nas últimas décadas. Ler o texto do maestro Cassuto no encarte do álbum da Naxos é se emocionar com a verdadeira batalha por ele travada para colocar de pé orquestras em nível verdadeiramente profissional no país. “Nos anos 1950”, diz ele, “Portugal tinha duas orquestras permanentes”, e anota: “infelizmente, a qualidade artística das orquestras da Radio de Lisboa e do Porto eram inteiramente inadequadas segundo padrões internacionais”. Uma maneira elegante de dizer que eles estavam abaixo da crítica. “Quando assumi, em 1970, a direção musical da Orquestra da Rádio de Lisboa, minha primeira tarefa foi melhorar a qualidade artística”.

Àquela altura, Cassuto já tinha passado pelos cursos de Tanglewood, os mesmos que já haviam acolhido anteriormente Eleazar de Carvalho. O português recebeu o Prêmio Kussevitzky e tocou carreira em Nova York, onde fixou-se. Chegou a reger a Orquestra da Filadelfia. De volta a Portugal, tentou, mas não conseguiu elevar o nível da Orquestra de Lisboa. Resumindo: as coisas só melhoraram quando Cassuto montou em 1988 a Nova Filarmonia Portuguesa, uma orquestra não-estatal, mas que contava com apoio do então presidente Mário Soares. Naquele momento, ele fez o que Júlio Medaglia fez com a Orquestra Amazonas, Neschling com a Osesp e Fábio Mechetti com a Filarmônica de Minas Gerais, para ficar só em três exemplos. Recrutou músicos norte-americanos (que conheceu) e a maioria do leste europeu. Com 31 músicos, fez 120 concertos anuais. Cinco anos depois, em 1993, o governo decidiu investir na criação da Orquestra Sinfônica Portuguesa, com 110 músicos, em 1999 a orquestra passou para o controle do Ópera Nacional do Teatro São Carlos. Três anos depois, em 2002, os dirigentes do Algarve o convidaram para criar uma nova orquestra. Em 2005, Cassuto assumiu a direção da Orquestra Metropolitna de Lisboa.

O mínimo que se pode dizer é: o que seria da música sinfônica em Portugal se não existisse Cassuto?


A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.