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O compositor e violinista checo Hans Sitt nasceu em Praga em 1850, onde fez sua formação. Já profissional, fixou-se na Alemanha, onde desenvolveu toda a sua carreira como um dos mais importantes pedagogos do violino – foi professor do instrumento no Conservatório de Leipzig por mais de quarenta anos. Aposentou-se em 1924, e morreu quatro anos depois, em 1928.

Mestre do britânico Delius e do maestro Václav Talich, entre muitos outros, Sitt foi daqueles músicos completos que foram ativíssimos em vida, mas pouco lembrados pela posteridade.

Seu nome volta a circular neste início de 2023 graças a dois ótimos músicos italianos: o violinista Mauro Loguercio e a píanista Emanuela Piemonti. Eles acabam de lançar uma transcrição atrevida, ousada, de Hans Sitt. Ele simplesmente fez o milagre de fazer uma transcrição para violino e piano da Nona Sinfonia de Beethoven.

Acontece que a façanha não se limita ao lado virtuosístico, técnico, de transformar uma das mais monumentais sinfonias do repertório em uma enorme sonata para violino e piano. Sitt mantém a musicalidade beethoveniana. De algum modo, ao ouvi-la nesta versão inesperada, sentimos que Sitt captou a essência do mundo tão particular de Beethoven.

Esta transcrição também se diferencia das centenas de outras de obras orquestrais, em geral transformadas para um piano (caso das 9 sinfonias de Beethoven para piano solo feita por Liszt) ou para piano a quatro mãos. Ou mesmo para trio de piano e cordas, formato muito presente nas casas de família nos séculos 18 e19 europeu (Yo-Yo Ma, Emmanuel Ax e Leonidas Kavakos lançaram ano passado uma transcrição neste formato da Sinfonia Pastoral de Beethoven). Surpreende, aliás, o grande volume de transcrições de obras sinfônicas para violino-piano de Sitt. Ele transcreveu as nove de Beethoven, e também sinfonias de Haydn, Mozart, Schubert e Schumann.