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Reprodução da Internet.
Reprodução da Internet. Christopher Palameta

Ouça o álbum completo:


O oboísta canadense Christopher Palameta, de 44 anos, hoje radicado em Paris e professor na Academia Jean Sibelius, em Helsinque, é um dos mais requisitados praticantes da música historicamente informada na Europa: toca regularmente com grupos excepcionais, como Il Pomo d’Oro, Les Musiciens du Louvre, Les Siècles, La Petite Bande e Vox Luminis, entre outros. E ainda encontra tempo para liderar o ensemble Notturna, que fundou em 2006 e dedica-se ao resgate de obras antigas para o seu instrumento.

O mais recente lançamento do Notturna é um tesouro de sonoridades diversificadas. “Calcutta 1789” celebra um momento-chave da música no final do século 18, construindo um retrato fascinante da vida musical na Índia sob domínio britânico. Combina a música indiana com obras europeias como a música camerística de Purcell, Haendel e Johann Christian Bach, apelidado o “Bach inglês”, filho de Johann Sebastian.

Palametta inspirou-se num programa de concerto de 1789 descoberto nos arquivos de Calcutá para reconstruir esta rica miscigenação entre músicos europeus e indianos. Os primeiros eram levados para a Índia como parte da equipe da Companhia Britânica do Leste da Índia. Ao grupo europeu juntam-se Uwe Neumann à cítara e Shawn Mativetsky à tabla.

Um pouco de história. No ótimo texto do encarte do álbum da Atma Classics, Palameta conta que por volta de 1780 a colônia britânica em Calcutá chegava a 4.000 expatriados. E por isso houve até temporadas anuais de concertos públicos vendidos por assinatura, até oratórios foram montados, misturando obras de compositores de sucesso em Londres, como Karl Friedrich Abel e Christian Bach e os dois maiores ícones “ingleses” Purcell e Haendel com a música local. Assim, as músicas hindustani encontram-se com a música europeia numa prefiguração do que Palametta chama de “world music” em pleno século 18. Além dos instrumentos e das músicas indianas, também a dança típica chamada “kathak” incorporou-se aos espetáculos em Calcutá. Duas inglesas, Sophia Plowden, e Margaret Fowke, que moravam em Benares, transcreveram canções bengali e do Rajastão para o cravo. E em 1789 foram integradas na “Miscelânia Oriental” editada por William Hamilton Bird. Era uma coletânea de 30 melodias indianas transcritas para cravo. “São transcrições de caráter europeu que tentam incorporar as características da música indiana”, escreve Palameta.

Isso dá uma ideia da riqueza deste álbum.