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Gabriel Fauré (1845-1924) tinha consciência da dificuldade de compor música para piano depois de Chopin, Schumann, Brahms e Liszt. “É talvez o gênero mais difícil”, afirmou, sabendo que representava enorme desafio para qualquer compositor que tenha vivido entre as cinco décadas finais do século 19 e as primeiras duas do século 20. Um desafio ao qual este refinado e notável compositor francês se propôs e venceu com folga.
O CD desta semana tem um atrativo extra: une a música de Fauré ao domínio técnico pleno e sempre espantoso do pianista canadense Marc-André Hamelin, 62 anos recém-completados em 5 de setembro passado. Quem assistiu ao seu recital na Sala São Paulo em março último sabe que minha afirmação é rigorosamente verdadeira.
Só que a música de Fauré não exige apenas técnica, mas sobretudo sensibilidade à flor da pele, em seus refinados noturnos e barcarolas, que compôs ao longo de meio século. Hamelin, que já tocou e gravou as obras tecnicamente mais desafiadoras para todo pianista – como as de Alkan e o concerto para piano de Busoni --, mostra neste álbum duplo recém-lançado pela Hyperion que é um pianista absolutamente completo. E desfruta seu melhor momento, aos 62 anos. O álbum também traz uma leitura deliciosa da “Suíte Dolly” para piano a quatro mãos, em que ele compartilha as 88 teclas com Cathy Fuller.
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