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Reprodução da Internet.
Reprodução da Internet. Giovanni Antonini

Ouça o álbum completo:


Nove anos atrás, a Fundação Joseph Haydn de Basel associou-se à gravadora Alpha para gravar a integral das 107 sinfonias do compositor um projeto-mamute sob direção de Giovanni Antonini, prevista para concluir-se em 2032, ano que vai marcar os 300 anos de seu nascimento. Daí o título geral “Haydn 2032”. É um daqueles projetos que aproveita a efeméride para se transformar num dos maiores triunfos artísticos destas décadas no planeta. E o motivo é simples: a direção foi entregue a Antonini, milanês de 58 anos, um dos músicos essenciais do nosso tempo. Ele alterna as gravações entre a Orquestra de Câmara de Basel e a sua Il Giardino Armonico.

O CD desta semana é o 14º., e acaba de ser lançado. Detalhe: como considera este monumento de 107 sinfonias “um caleidoscópio das emoções humanas”, Antonini decidiu não encaminhar as gravações em ordem cronológica, mas de maneira temática. Assim, o primeiro álbum, de 2014, intitula-se “La Passione”. Além disso, Antonini põe as sinfonias de Haydn para “conversar” com outras obras suas contemporâneas. Vem construindo, portanto, muito mais do que uma integral das sinfonias de Haydn, mas um retrato da música durante o século 18. Afinal, Haydn não compunha no vácuo, vivia um contexto musical riquíssimo – e isso abre nossos ouvidos para escutá-las de uma maneira inédita. Já colocou lado a lado Haydn com Gluck, Mozart e até com Bartók. Além disso, cada novo volume da integral traz fotos de profissionais da agência Magnum.

Pois bem, o volume 14, ora lançado e CD da Semana, é um dos raros que se limitam às obras de Haydn. São elas: A Sinfonia no. 53 em ré maior, de 1778, apelidada já no século 19 de “A Imperial” e, durante sua longa vida, sua sinfonia mais famosa; a “Sinfonia no. 54”; a “Sinfonia no. 33”; e a “Sinfonia em ré maior”, na verdade um presto usado como finale da Sinfonia no. 53, substituindo um rondó que chamou de Capriccio moderato. Este capriccio costumava arrancar risos, quando não gargalhadas do público.

O pianista Alfred Brendel, num ensaio de 1984 intitulado “Existe de fato a música cômica? ”, mostra como e por que Haydn é um mestre do humor. O movimento final da Sinfonia no. 53, por exemplo tinha duas versões: a jocosa, um ‘Capriccio moderato” em que o compositor juntou vários cacos, dissonâncias e notas erradas que de vez em quando frequentavam a música de seus instrumentistas. Ele optava por esta quando considerava o público mais apto a perceber a brincadeira. Em ocasiões mais solenes, substituía o capriccio por um presto convencional.