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Reprodução da Internet Susan Bullock

Ouça o álbum completo:


Aos 65 anos, a soprano britânica Susan Bullock construiu uma bela carreira. Sua biografia oficial relata que ela foi a primeira soprano a cantar em quatro consecutivos ciclos do “Anel do Nibelungo” na Royal Opera House, sob comando de Antonio Pappano. Ela também foi Salomé na ópera de Richard Strauss na Ópera de Frankfurt, com Charles Mackerras. Enfim, uma cantora lírica consagrada.

Pois ela acaba de lançar um álbum com repertório inesperado: gemas do chamado “great american songbook”, aquele em que os maiores nomes atendem por George Gershwin, Cole Porter, Harold Arlen, Stephen Sondheim, Jerome Kern e Burt Bacharach, entre outros.

Ela mesma descreve “Songs my father taught me”, canções que o meu pai me ensinou, como “uma reminiscência da minha infância e uma alegre associação com o American Songbook, música que era particularmente amada por meu pai, Bob".

Bullock conta que conheceu o pianista Richard Sisson quando se apresentou no Festival de Verão do Proms londrino em 2011. Em seu depoimento, Sisson conta que “Minha própria infância musical foi moldada pelas músicas de Rodgers & Hammerstein, que me foram apresentadas por minha avó. Depois, como pianista da noite, toquei muitos desses grandes clássicos em bares, restaurantes e cabarés; elas se tornaram minhas companheiras musicais ao longo de quase cinquenta anos como pianista. Foi um enorme prazer trabalhar com Sue neste repertório e também em algumas das músicas que podem ser vistas como suas legítimas herdeiras do final do século 20”.

Bullock cruza a fronteira do clássico e domina o universo das grandes canções populares do século 20 com naturalidade, sem voz empostada. E o piano de Sisson é descontraído, porém preciso. Aliás, de uma vez por todas, que diferença há entre “Eu sei que vou te amar” de tom Jobim, “Bewitched, Bothered and Bewildered”, de Rodgers/Hart, “Night and Day” de Cole Porter e lieder de Schubert como “O homem do realejo” do ciclo “Viagem de Inverno” ou sua declaração de amor à música “An die musik”? Rigorosamente nenhuma. São picos elevadíssimos – e raros -- de alta voltagem criativa na música popular. Note na maioria delas um recitativo precedendo a parte com pulso rítmico regular