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Tarmo Peltotoski, 24 anos, é o mais recente produto da mais qualificada fábrica de maestros do planeta, localizada na Finlândia. Ele estreia no Brasil à frente da excelente Filarmônica de Câmara Alemã de Bremen em quatro concertos, nos próximos dias 25, 26, 28 e 29. Depois dos dois pré-concertos do início deste mês dedicados aos que reconstruíram o antigo teatro que sofreu um incêndio em 2008, estes serão os primeiros concertos públicos do novo e acolhedor Teatro de Cultura Artística, na rua Nestor Pestana, no centro da cidade. Foi a maneira que a Sociedade de Cultura Artística encontrou de transformar a celebração de seu novo teatro com uma autêntica novidade, apontando para o futuro.
O jovem maestro finlandês estudou em Helsinki com Jorma Panula, o mais celebrado professor de regência e composição da Academia Sibelius. Panula teve como alunos Esa-Pekka Salonen, Susanna Mälkki, Osmo Vänskä e a mais recente celebridade do reino da regência, Klaus Mäkelä, que aos 28 já tem contrato assinado para liderar a partir de 2026 duas das mais reluzentes orquestras do planeta: a Concertgebouw de Amsterdã e a Sinfônica de Chicago.
Voltemos a Tarmo Peltotoski. Ele ainda mora em Helsinki, é maestro titular da Orquestra Sinfônica Nacional da Letônia desde 2022. Na temporada de 2025/26 assumirá a direção musical da Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse, na França; e também sucederá a Jaap van Zweden na direção da Filarmônica de Hong Kong.
Nada melhor, portanto, do que escutar com atenção o CD desta semana na Cultura FM, recém-lançado pela Deutsche Grammophon. Nele Peltotoski mostra muita vibração num programa em princípio convencional à frente dos músicos de Bremen: três sinfonias de Mozart: a ‘Haffner”, no. 35, em ré maior, K. 385; a “Linz”, no. 36 em dó maior K. 425, e a célebre Sinfonia no. 40, em sol menor, K. 550.
Eu disse em princípio porque Tarmo, vou chamá-lo pelo primeiro nome, troca a batuta pelas 88 teclas para tocar três improvisos, um logo depois do finale da Haffner. E dois em sequência: primeiro ao final da Sinfonia 40; e outro imediatamente antes da Sinfonia Linz. Em todos, brinca com os temas muito conhecidos destas sinfonias. Mas no que precede a “Linz” ele toca o primeiro tema à piano preparado – um pedaço de papel? Uma colher? – e depois retorna ao piano normal. Três brincadeiras ao piano num perfeito clima mozartiano, algo que deve funcionar bem em concertos. No álbum, soam convencionais, uma sacada da qual talvez, ele se arrependa daqui uns 20 anos. Em todo caso, um atrevimento desculpável pela tenra idade, que não deixa de ser um modo de surpreender nossos ouvidos.
Afinal, não é todo dia que alguém de 24 anos estreia na Deutsche Grammophon, um feito que ele qualifica como “um luxo: interpretar Mozart com a Filarmônica de Câmara Alemã de Bremen; e gravar estas três sinfonias é realizar um sonho”.
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