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Reprodução da Internet Giovanni Antonini

Ouça o álbum completo: 


Normalmente, quando se concebe um projeto monumental como gravar as 107 sinfonias de Josef Haydn a propósito dos 300 anos de seu nascimento, em 2032, o previsível é gravá-las em sua ordem cronológica. Certo? Não para o notável flautista e regente italiano Giovanni Antonini, nascido em Milão 59 anos atrás. A paixão não só pela moderna flauta, mas também pela flauta doce levou-o a um mergulho no mundo muito específico da prática da música historicamente informada. Fundou em 1989 Il Giardino Armonico, um dos mais destacados grupos de música historicamente informada do planeta. Ao Giardino junta-se outra orquestra com a qual Antonini também tem extensa discografia: a Orquestra de Câmara de Basel. Ele alterna entre elas. Neste décimo sexto álbum, participa a Orquestra de Câmara de Basel.

Improviso e imaginação são qualidades que, em Antonini, combinam-se com o atrevimento e a vontade de inovar, mesmo numa integral como esta. A largada aconteceu dez anos atrás, em 2014, sob o signo de uma expressão cunhada pelo regente: a de que a música de Haydn é “um caleidoscópio das emoções humanas”. Por isso, ele decidiu abandonar a ordem cronológica, e agir de maneira temática. É desta decisão que decorre a excepcionalidade desta integral. Antonini não faz relações no interior da produção de Haydn, mas também emoldura suas sinfonias com a música de outros compositores que interagiram com ele.

A cada novo álbum – o CD desta semana é o décimo sexto da integral -, Antonini inova, experimenta. No texto do encarte, ele diz que apaixonou-o neste 16º. álbum “a possibilidade de poder ‘articular’ e ‘fazer falarem’ as notas musicais. É possível ‘articular’ e ‘fazer falar as notas musicais’, como quem faz um discurso, mesmo agitado ou rápido, para garantir que cada palavra do ‘discurso musical’ permaneça inteligível, inspirando-se numa ‘retórica’ abordagem da música barroca e clássica”.

Em outro texto deste mesmo encarte, Christian Moritz-Bauer cita uma frase do viajante musical inglês Charles Burney, que assistiu Haydn em ação no Palácio dos Esterhazy: “Haydn não queria só surpreender suas platéias, ele adorava levá-las ao riso”, a propósito de um dos mais famosos movimentos sinfônicos dele, o do Finale: Allegro assai da Sinfonia no. 90, em dó maior, Hob.90.