Ouça o álbum completo:
André Mehmari completará 48 anos no próximo dia 22 de abril. Poderia considerar-se plenamente realizado. Trafega em todas as estradas musicais, da música instrumental no formato piano-contrabaixo-bateria ao piano solo improvisado; da ópera à música sinfônica, dos concertos.
Resumindo: sente-se à vontade, com pleno domínio em qualquer situação. Um exemplo radical são suas versões da célebre Chacona da Partita no. 2, BWV 1004, de Bach original para violino solo. Ele construiu várias versões tendo à sua frente o manuscrito de Bach só com o pentagrama do violino. Como Mozart, que deixou um ou outro concerto para piano sem a sua parte, só com a partitura da orquestra, pois sua parte era improvisada no calor da hora, no concerto.
Acredito que seu Estúdio Monteverdi, na Serra da Cantareira, é para ele um parque de diversões, com instrumentos de uma orquestra inteira, pelos quais ele deve passear nas horas vagas. Sopra um trompete; passa para um cello; dá uma parada no piano; e já corre para uma flauta. E assim por diante. Parque de diversões não, jardim das delícias.
E foi assim que nasceu o CD desta semana na Cultura FM. No encarte de “Short stories without words”, pequenas histórias sem palavras, ele escreve que “a prática da improvisação faz parte de minha vida musical desde sempre. Apresento aqui essas pequenas histórias em piano solo, contos sem palavras que se realizam por meio de sons”.
Como é raro conseguir este estado de prontidão para a improvisação pura. André consegue isso. 92 minutos de improvisos em estado puro, sem nenhuma motivação programática. Por isso mesmo, o melhor é deixar-se levar por este “fluxo” de sons como um barco à deriva numa correnteza desconhecida.
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