Fundação Padre Anchieta

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Erik Satie

A melhor maneira de relembrarmos uma data redonda de um compositor é, com certeza, ouvir sua música. É quase inacreditável que dois pesquisadores – o musicólogo e compositor britânico James Nye e o violinista e compositor japonês Sato Matsui – tenham encontrado 29 manuscritos inéditos perdidos de Erik Satie em vários acervos de arquivo, incluindo a Biblioteca Nacional da França. Afinal, ele morreu em 1º. de julho de 1925 em Paris e parecia que tudo que envolve o compositor mais original e iconoclasta da história da música já tivesse vindo à luz.

Mas é verdadeiro. James e Sato encontraram, restauraram e o pianista francês Alexandre Tharaud e convidados interpretam estas 29 exumações musicais. Estes manuscritos inéditos que finalmente agora soam, depois de um século vivendo ignorados nos muitos cadernos nos quais ele anotava tudo que lhe viesse à cabeça enquanto não dormisse. É melhor chamá-los de epigramas. Afinal, 18 não atingem 1 minuto de duração; outros 9 não chegam a 2 minutos; e apenas 2 têm duração superior a 2 minutos.

Os títulos destes fragmentos anotados no calor da hora, em qua lquer momento em que lhe viesse à cabeça algo interessante. Alguns: Suspiros Desbotados: Cabelo - Ressurgimento; Rabiscando; Desespero familiar; Memórias desbotadas; Sonhando acordado com um prato. A mais “normal” é Pequeno devaneio noturno.

É exagero afirmar que eles são decisivos para se compreender melhor o compositor. Em 2009, dezesseis anos atrás, Tharaud gravou o “Avant-dernières pensées”, um primoroso álbum duplo contendo peças para piano (solo e a quatro mãos com Eric Le Sage), peças para violino e piano com Isabelle Faust e canções em interpretações deliciosas acompanhando Juliette.

Mas, sem dúvida, o CD desta semana na Cultura FM nos convida a conhecer melhor a obra de Satie. Ele trabalhou como pianista em cabarés, music-halls e cafés-concerto, estudou música a sério na Schola Cantorum quando já tinha 40 anos de idade. A melhor e mais recente definição de sua importância e atualidade, para mim, é a frase de outro pianista francês, Bertrand Chamayou, de 44 anos, pronunciada em entrevista em 2023, quando lançou um álbum “Letter(s) to Satie”, em que explora a grande admiração de John Cage pelo compositor francês: Cage e Satie “são OVNIs no mundo da música, porque a imaginaram através de um prisma completamente diferente. São pioneiros no sentido de que, para muitos, eles mudaram a própria ideia do que deve ser a música”.