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Nesta semana (terça-feira, dia 9), Chico Carvalho comentou no programa “Estação Cultura” sobre o talento singular de Bioy Casares em antecipar as consequências do uso excessivo da tecnologia nas relações humanas. “A Invenção de Morel” é uma fábula cujo protagonista é uma máquina desenvolvida para projetar imagens e sons de personagens verdadeiros em cenários naturais, confundindo os limites entre o que é real e o que é inanimado.

Muitos dizem que “A Invenção de Morel”, livro de Bioy Casares, é uma ficção científica. Mas, em tempos de Inteligência Artificial, Casares parece muito mais um cronista do cotidiano do que um inventor de fantasias. E a dúvida ética é bastante atual: que direito temos sobre a exploração do passado daqueles que já morreram? Ou, então, de maneira fatalista: nessa ânsia de eternizar tudo, não reduzimos a vida e toda sua complexidade ao encaixá-la em suportes digitais?

Encerra o quadro a canção "Tea For Two", na voz de Doris Day, composição de Irving Caesar e Vincent Youmans. Essa música é citada na novela “A Invenção de Morel”, de Bioy Casares.

“(...) Por acaso recordei que o fundamento do horror de ser representado em imagem que alguns povos sentem está na crença de que ao se formar a imagem de uma pessoa a alma passa para a imagem, e a pessoa morre. (...)”. “A Invenção de Morel” / Adolfo Bioy Casares (1914-1999).

O "Estação Cultura", com apresentação de Teca Lima, vai ao ar pela Rádio Cultura FM 103.3 e 77.9 FM estendida, de segunda a sexta-feira, às 10h. O programa é transmitido também na Rádio Cultura Brasil AM 1200 e no aplicativo Cultura Play.

“A Invenção de Morel” é um livro publicado pela Editora Biblioteca Azul, com tradução de Sérgio Molina.