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Nesta semana (terça-feira, dia 31 de dezembro), o colunista Chico Carvalho comentou no programa “Estação Cultura” sobre Raduan Nassar e sua novela “Um copo de cólera”, escrita nos anos 70. O texto é uma sequência de acusações desferidas entre um casal, cada um à sua vez contribuindo com esse preparado de cólera servido no formato de monólogos retrospectivos.
Raduan Nassar, nasceu em Pindorama em 1935, e é considerado por muitos o maior escritor brasileiro vivo. Em 2016, o autor recebeu o Prêmio Camões e foi indicado ao Man Booker Internacional pela versão em inglês de “Um copo de cólera”. Além dessa novela, escreveu “Lavoura Arcaica”, ambas as obras vertidas para o cinema. Fora isso, alguns poucos contos, e só. Não escreveu mais, decidiu parar de escrever. Uma personagem de seu conto “O ventre seco” estabelece um acordo com o mundo nos seguintes termos: “em troca do seu barulho, dou-lhe o meu silêncio”. Exemplo seguido pelo excelente artífice das palavras, Raduan Nassar.
“Um copo de cólera” é basicamente um roteiro de teatro, onde as falas das personagens se alternam entre rubricas de pensamento e a ação efetiva. Esse mecanismo em que a raiva é processada ao mesmo tempo em que é colocada em prática contribui para um diagnóstico assombroso: a razão não está apartada do componente emocional, às vezes, o contrário disso: ambos os departamentos trabalham juntos para construir estruturas de dominação, poder e violência.
“Um copo de cólera” é um livro de Raduan Nassar publicado pela Companhia das Letras. O quadro encerra com “Uma Valsa Simples Que Não Queria Ser Triste”, composição e interpretação ao piano de Alexandre Guerra.
O "Estação Cultura", com apresentação de Teca Lima, vai ao ar pela Rádio Cultura FM 103.3, de segunda a sexta-feira, às 10h. O programa é transmitido também no aplicativo Cultura Play.
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