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Hugo Wolf era uma figura polêmica. Adorava Richard Wagner. Tornou-se vegetariano por causa do mestre; e também foi antissemita possivelmente também para seguir Wagner. Além de tudo isso, ainda exerceu a crítica musical por cinco anos em Viena, entre 1884 e 1887.
“A contratação de Wolf pelo ‘Wiener Salonblatt’ abriu-lhe as portas das salas de concerto”, escreve Georges Starobinski na apresentação de um livro com uma seleta de suas críticas. “Seus textos fecharam-lhe essas mesmas portas.”
Em 1885, enviou ao Quarteto Rosé o manuscrito de seu único quarteto de cordas. O viola do quarteto, Sigismund Bachrich, compositor eventual, não esquecera as pauladas de Wolf. Mandou-lhe um bilhete: “Tocamos seu quarteto e decidimos, por unanimidade, deixar o manuscrito na portaria da ópera”.
Foi um tapa na cara. Ele levara cinco anos para compor seu quarteto, entre 1879 e 1884. A partitura só foi publicada em 1903, logo depois de sua morte, em fevereiro daquele ano. Ele colocou como epígrafe, na folha de rosto da partitura, a frase “Renunciar, renunciar, você deve fazer isso”, que Wagner, seu ídolo maior, utilizara para caracterizar o primeiro tema da Nona Sinfonia de Beethoven.
Ele queria dizer que mesmo na música sem palavras, a música instrumental, existe sempre uma narrativa. Ela poder ser extramusical, como no caso de seu poema sinfônico penthesilea, mas aqui ela é uma confissão musical de pertencimento à linhagem de Beethoven e Wagner.
O programa "O Que Há de Novo", com apresentação de João Marcos Coelho, vai ao ar pela Rádio Cultura FM 103.3 FM, às Quartas, 23h15h com reapresentação aos Sábado, 19h, na Cultura FM e no aplicativo Cultura Digital.
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