Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Reprodução/Instagram @neymarjr
Reprodução/Instagram @neymarjr

O modelo de óculos “Juliet” foi originalmente criado pela Oakley em 1997, quando a marca lançou a linha X-Metal, uma coleção de óculos de armação metálica e lentes de reflexo. O primeiro par de Juliet chegou ao mundo em 1999 e virou uma febre quando o ator americano Tom Cruise usou a peça no filme “Missão Impossível”.

Leia mais“Quero ser tratada nos pronomes femininos”, diz Linn ao explicar origem da tatuagem

Mas por que depois de tanto tempo este modelo faz tanto sucesso no Brasil ao ponto do presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) se render? O site da TV Cultura te explica o sucesso do modelo Juliet.

Reprodução/Instagram @Palmeiras

O óculos ganhou popularidade no Brasil no fim da década passada, com o início do funk ostentação. No gênero musical, a letra das músicas retrata jovens da periferia “portando o kit” com carros, roupas de marca e, é claro, o óculos, que virou até nome de música, como “Juliet No Rosto”, do MC Neguinho, “Juliet Ta Na Cara”, de Menorzinho MC, e “Bonde da Juju” do MC Bio G3.

Isso fez com que jovens da periferia paulistana se apaixonassem pelo modelo da Oakley. Em entrevista ao site da TV Cultura,  Laryssa Lenne, influencer e apresentadora do podcast ParçasZilla, do grupo Kondzilla, nos contou um pouco sobre este estilo de se vestir.

“No meu ponto de vista, o óculos faz bastante sucesso porque ele divide muitas opiniões. Muitas pessoas falam que as pessoas que utilizam a peça ficam parecendo um ET, mas na quebrada todos gostam muito”, opinou.

A apresentadora do ParçasZilla ainda falou que o funk ostentação não é um gatilho para que os jovens da periferia se envolvam com a criminalidade: “No funk ostentação, os MCs cantam como eles batalharam muito para poder chegar até ali e ostentar, então de forma alguma o funk é uma justificativa para alguém querer entrar na vida do crime”.

Laryssa falou sobre a importância de artistas famosos utilizarem peças do estilo chavoso, "porque tira o preconceito com tudo que vem da quebrada, porque as pessoas marginalizam muito isso e ninguém vai marginalizar o Neymar por usar um Juliet”, concluiu a influencer.

O estilo "chavoso" e o sucesso da Oakley

O especialista e consultor de estilo fundador do blog e canal Macho Moda, Leonardo Leal, mais conhecido como “Coloral”, falou sobre a importância do estilo para este grupo que ficou fechado por um longo tempo. “Com a crescente de estilos musicais como o funk, principalmente, a pegada "chavosa" de se vestir extrapolou o universo periférico, para chegar até o Mainstream”, afirmou.

“E não só os artistas, mas o público enxergou que, mesmo dentro do seu estilo, com uma maneira diferente de se vestir, eles não precisavam ficar escondidos, o espaço está aí para todo mundo aparecer e conquistar!”, disse o especialista.

Coloral ainda falou sobre o preconceito que este tipo de estilo sofre: “Tudo que foge dos padrões é visto com certa estranheza no início por muitas pessoas. Foi assim com vários movimentos, várias subculturas diferentes.”

O influencer ainda relembrou do fenômeno do estilo “emo”, que foi uma grande febre no Brasil na primeira metade dos anos 2000 e na época também sofreu muitos preconceitos e hoje em dia é visto como saudosismo.

Sobre o incansável sucesso do modelo Juliet, Coloral acredita que na época do lançamento muitas pessoas não tinham acesso ao modelo, seja pelo preço, pela produção e pelas estratégias da marca, gerando um desejo pelo item.

“Quando ele começou a ser mais popularizado e até falsificado, o preço diminuiu e as pessoas, de fato, tiveram acesso ao tão sonhado óculos que se tornou um item icônico e clássico pro cenário, que muita gente ainda agrega um valor enorme”, explicou.

Representatividade e identificação

Coloral falou também sobre a representatividade de jogadores e artistas que utilizam o óculos, algo que, segundo ele, "é uma maneira deles se conectarem com o lugar que cresceram e com o público que mais os acompanha”.

“Além do Neymar, outro jogador que sempre após um título coloca a Juliet no rosto, é o Gabriel Jesus, mencionando o Jardim Peri. É muito comum a gente ver frases como "Favela Venceu", "Chegamos lá", "Fortaleça suas Raízes" para expressar esse contexto e mostrar para os seguidores que eles podem acreditar, sonhar e batalhar para, de fato, conquistar seus espaços também”, concluiu Coloral em entrevista ao site da TV Cultura.

Morador do extremo leste de São Paulo, do bairro de São Miguel Paulista, o jovem Gustavo Rodrigues, de 23 anos, contou a relação dele com óculos Juliet e a marca Oakley.

“Eu descobri a Oakley e consequentemente o óculos através do funk da época, os MCs falavam muito das peças da marca e eu comecei a me interessar", disse.

O jovem contou que teve seu primeiro contato com o óculos através de amigos e, na sequência, começou a acompanhar todas peças da marca. “Até hoje eu sou apaixonado pela Oakley, isso é atemporal, muitas pessoas não entendem. Principalmente pelos óculos, que eu já tive um e hoje em dia não tenho mais”. Gustavo contou que teve seu Juliet roubado por um rapaz de bicicleta na Avenida Europa, no bairro Pinheiros, longe da periferia paulistana.

Gustavo disse que o funk é muito rotativo em relação às roupas, mas que ele ainda utiliza as peças da Oakley em seu dia a dia.

Leia também: Vídeo de ‘Un Ratito’ é removido do YouTube após briga entre Alok e dupla norte-americana