Pará: São Félix do Xingu entre as cidades com pior qualidade do ar no País
A degradação da qualidade do ar em São Félix do Xingu está diretamente relacionada ao aumento de queimadas na região. Segundo dados do programa BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o município liderou o número de focos de incêndio no Brasil entre os dias 1º e 7 de setembro, registrando 1.819 ocorrências nesse período. A intensificação dessas queimadas, associada à falta de chuvas que persiste há três meses levou a prefeitura a decretar situação de emergência.
27/09/2024 14h33
Fabyo Cruz - DA AGÊNCIA CENARIUM
BELÉM (PA) - O município de São Félix do Xingu, localizado no Sudeste do Pará, foi destaque negativo nessa quarta-feira, 25, ao ser classificado entre as dez cidades brasileiras com a pior qualidade do ar. De acordo com a plataforma Índice Mundial de Qualidade do Ar, que monitora em tempo real as condições atmosféricas ao redor do mundo, a cidade alcançou a 8ª posição no ranking nacional por volta das 12h (horário de Brasília).
A degradação da qualidade do ar em São Félix do Xingu está diretamente relacionada ao aumento de queimadas na região. Segundo dados do programa BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o município liderou o número de focos de incêndio no Brasil entre os dias 1º e 7 de setembro, registrando 1.819 ocorrências nesse período. A intensificação dessas queimadas, associada à falta de chuvas que persiste há três meses levou a prefeitura a decretar situação de emergência.
Com uma área de 84 mil quilômetros quadrados, equivalente a 55 vezes o tamanho da cidade de São Paulo, São Félix do Xingu abriga cerca de 65 mil habitantes, que vêm enfrentando uma realidade sufocante com a fumaça que cobre a região. Escolas e comunidades rurais estão sendo diretamente afetadas, levando autoridades e especialistas a soarem o alarme para a gravidade da situação.
Segundo o Índice Mundial de Qualidade do Ar, o nível de poluição em São Félix do Xingu foi classificado como “Insalubre para grupos sensíveis”. A recomendação oficial alerta que “crianças e adultos ativos, além de pessoas com doenças respiratórias, como asma, devem limitar esforços prolongados ao ar livre”, enquanto o impacto na saúde para grupos mais vulneráveis já começa a ser sentido.
À CENARIUM, o professor Bergson Moraes, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Riscos e Desastres Naturais na Amazônia (PPGGRD) da Universidade Federal do Pará (UFPA), explicou os riscos da poluição atmosférica decorrente das queimadas.
“O processo de queimadas e incêndios emite grandes quantidades de gases e material particulado. Já era esperado esse volume de emissão, devido ao agravamento dos incêndios na região. Estados como Acre, Amazonas e Mato Grosso também bateram recordes de emissões", destacou.
Além dos efeitos imediatos da fumaça, o especialista alertou para as consequências a longo prazo, incluindo a potencial formação de chuvas ácidas, causadas pela presença de gases como óxido nitroso na atmosfera. “Quando o óxido nitroso entra em contato com a água, ele forma ácido nítrico, o que pode desencadear chuvas ácidas, prejudicando ainda mais o ambiente e a saúde pública”, completou Moraes.
Emergência ambiental
No último dia 17 de setembro, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), declarou situação de emergência ambiental em razão ao aumento dos incêndios e à longa estiagem que atinge a região. A decisão foi comunicada no contexto da queda dos níveis dos rios e aquíferos em diversas áreas do estado.
A emergência atual acentua os desafios que os Estados amazônicos têm lidado nos últimos tempos, em especial com a crescente incidência de queimadas, que são intensificadas por alterações climáticas e pela degradação florestal.
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