Pai de criança desaparecida fala à CENARIUM; buscas são suspensas
09/10/2024 14h19
Jadson Lima - DA AGÊNCIA CENARIUM
MANACAPURU (AM) - Osmar Queiros, de 37 anos, pai de Letícia Queiros, de 6 anos, falou à CENARIUM na tarde desta terça-feira, 8. A criança está desaparecida nas águas do Rio Solimões após um deslizamento de terra atingir a região do Porto de Manacapuru (AM), localizado no bairro Terra Preta do município distante 69 quilômetros de Manaus. O pescador mora em uma casa flutuante, ancorada próximo ao porto. As buscas foram suspensas na noite desta terça-feira, 8, por ser inviável seguir a operação.
"A minha filha mais velha foi hospitalizada porque ela tentou salvar a caçula no momento em que eles foram 'emprenssados' pela balsa [...] a mais velha está viva por um milagre. Ela ficou cheia de 'escoreações' pela cabeça, rosto, nariz, ouvido. Só barro e sangue", afirmou.
De acordo com o relato de Queiros, o acidente ocorreu por volta de 13h40. O pescador morava há 28 anos no flutuante que foi destruído com o deslizamento. Imagens gravadas por pessoas que passavam no local mostram a residência sendo atingida por uma balsa.
Osmar falou sobre Letícia, uma criança de seis anos, e relembrou momentos ao lado da filha e da família na residência onde viveu por quase três décadas. O pescador informou que acompanhou o crescimento da filha mais nova, porque deixou de viajar e passou a pescar em regiões próximas ao município. O flutuante de trabalho da família está ancorado do outro lado do rio.
“Ela é a criança mais dócil do mundo. Ela chegava e dava beijo, ela dizia ‘Pai, eu te amo. Mamãe, eu te amo’. Ela era super apegada comigo. Ao chegar era a mesma situação. Ela é uma criança muito amorosa, muito amorosa mesmo. Meus outros filhos eu não tive essa proximidade”, disse.
Local atingido
A equipe de reportagem da CENARIUM conseguiu acessar o local exato do acidente por volta de 8 horas desta terça-feira, 7. Equipes do Departamento Nacional dos Transportes (Dnit) vistoriaram as estruturas do porto e constataram que parte do espaço está comprometido. Durante a vistoria, um dos especialistas pediu celeridade da equipe.
"Ei! Bora acelerar aqui que a área é de risco", disse. Em seguida, a comitiva foi ao galpão do porto. Os homens passaram aproximadamente 30 minutos no local. Durante a visita, a equipe também vistoriou as instalações do local para identificar possíveis rupturas. Os trabalhadores se retiraram da área afetada e fontes informaram que haveria escala de plantão para vigiar o local.
Os vídeos gravados pela CENARIUM mostram um veículo na beira do deslizamento. Os especialistas informaram que a área pode ceder. Até o momento, não há previsão para retomada das atividades portuárias, porque a balsa atingida pela terra caída bateu com a plataforma do porto.
Autoridades falam
Na manhã desta terça-feira, 8, as autoridades estaduais realizaram uma coletiva de imprensa para apresentar um balanço sobre a operação da força-tarefa que atua em Manacapuru. Os agentes estão no município desde o final da tarde de segunda-feira, 7. A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) informou que duas pessoas estão desaparecidas. A Defesa Civil de Manacapuru fala em quatro.
O delegado titular do Distrito Integrado de Polícia (DIP) de Manacapuru, Mauro Soares, detalhou quais são os procedimentos para comunicar o desaparecimento. O familiar da pessoa desaparecida deve comparecer à delegacia para registrar um Boletim de Ocorrência (BO). Até o momento, apenas duas foram à unidade de polícia.
"A recomendação é o mais rápido possível fazer um registro na delegacia de polícia para a gente iniciar [os BOs] e passar as informações para as autoridades do Corpo de Bombeiros para que as possíveis novas vítimas venham a ser procuradas pelos mergulhadores que atuam no Rio Solimões realizando as buscas", afirmou.
A PC-AM também divulgou que a perícia da área atingida está suspensa por risco iminente de novos deslizamentos. A equipe do Departamento de Polícia Técnico Científica (DPTC) aguardam no local. "A perícia já se faz presente, mas como tem um certo risco, então, está suspensa por enquanto essa perícia e as diligências iniciais", disse sobre a área próxima ao acidente.
Mergulhadores atuam
Durante a coletiva de imprensa, o comandante do Corpo de Bombeiros do Amazonas (CBMAM), Alexandre Freitas, destacou que os profissionais que atuam nas buscas são especialistas em rios de água turva, como o Solimões. De acordo com a autoridade, os mergulhadores atuam para mapear a área do leito do rio.
"Os nossos mergulhadores [...] já são muito experientes e estão mapeando o mundo do rio [...] identificando aquelas estruturas que estão no fundo do rio [...] Nós temos apenas duas pessoas reclamadas no município", afirmou o comandante.
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