Convidado do #Provoca desta terça (13), o ator e comediante Paulo Vieira falou sobre questões como gordofobia e racismo em sua carreira.
"Eu tento correr, não ser o símbolo desse discurso de 'Olha como mudou! Gente, agora o Brasil deu certo. Tem um preto gordo na televisão? Parem todas as lutas! Este homem preto gordo chegou e isso quer dizer que o Brasil deu certo.' Não, acho que seria um exemplo de que o humor agora tem vez se não tivesse sido tão difícil. Se não fosse três vezes mais difícil, talvez até mais, para mim do que para um homem branco. Se não fosse dez vezes mais difícil para uma mulher preta, trinta vezes mais difícil para uma travesti preta", afirmou.
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Questionado por Marcelo Tas sobre militância e a luta antirracista, ele afirmou que o assunto pode ser cansativo, mas é essencial: "Eu não posso fugir dessa luta, porque o fato de eu estar aqui, eu sou fruto dessa luta. Se estou aqui hoje conversando com você, estou contratado na Globo, é porque outros pretos, também cansados, dedicaram seu tempo e sua vida a falar sempre como o racismo é cruel no nosso país."
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"Eu tô na Globo, mas, por exemplo, não tô fazendo a novela das 9. Estou em num lugar que eu posso estar, né. Quando a pessoa escreve assim: 'Claudio entra e beija a sua esposa', automaticamente o Claudio não é gordo porque ele tem uma esposa. A gente passou por um processo que o gordo é assexualizado imediatamente. O gordo não beija, não trepa, não transa, sobretudo o preto gordo", completou.
Assista à entrevista na íntegra:
O #Provoca é apresentado por Marcelo Tas e vai ao ar às terças, às 22h, na TV Cultura, site oficial da emissora e canal do programa no YouTube.
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