Não é de hoje que os realities shows levantam o interesse do público brasileiro e mundial, cada edição mobiliza a internet que logo escolhe os seus favoritos e aqueles menos queridos. Além disso, cada programa pauta questões que podem ser discutidas na sociedade real que não está atrás das câmeras.
A discussão que surgiu com o início da edição do Big Brother Brasil 2022 é a cultura do ódio e a promoção das desavenças ao ambiente tranquilo e de paz. No começo do programa, muitos telespectadores criticaram a postura do participante Tiago Abravanel por preferir um ambiente de paz no jogo.
É preciso dizer que estamos presenciando sim tortura psicológica no bbb. Tiago Abravanel e sua turma paz e amor estão acabando com qualquer possibilidade de sorrir, curtir o programa, gostar de alguma coisa.
— ly (@ly_carr) January 29, 2022
Eu n gosto do Tiago abravanel pq odeio gente paz e amor good vibes e aprendizado e evolução
— Juninho🌴 (@itJuniorPereira) January 24, 2022
quase jogando a toalha. tiago abravanel vem se autoconhecer e emanar amor e paz aqui fora
— #BBB22 - Preta (@pretademaiss) January 29, 2022
Gente e o Tiago abravanel querendo boicotar jogo da discórdia? Eu hein, deixa as pessoas agirem normalmente, nós queremos ver sim barraco, baixaria, ameaça de morte e muito mais, se for pra ver povo de paz e amor vou pra um retiro espiritual spa sei la
— Wanessa Wolf 🐺 (@wanessaw0lf) January 24, 2022
TIAGO ABRAVANEL: Pq a gnt tem q mostrar p Brasil q esse jogo é um inferno?
— Jéssica Furacão (@souljazzca) January 24, 2022
MEU FILHO, SE EU QUISESSE VER CEU, PAZ E AMOR, LIGAVA NA CANÇÃO NOVA palhaçada
Uma das amigas do artista, a apresentadora e atriz Ingrid Guimarães, defendeu a personalidade de Tiago nas redes sociais.
Gente olha só @TiagoAbravanel é exatamente essa pessoa aqui fora. Querido , amigo de todo mundo , sempre vê o lado bom das coisas, divertido e feliz . Nao adianta querer que ele seja outra pessoa pra gerar conflito. Essa é a natureza dele. Sim ainda existem pessoas assim..
— Ingrid Guimarães (@IngridGuimaraes) January 30, 2022
Ao site da TV Cultura, a psicóloga e psicanalista Elisa Marina Bourroul explicou quais são os motivos que levam a este comportamento. A especialista afirma que é importante levar em conta qual é a situação que a sociedade está vivendo, seja social ou política. “Não podemos descolar a situação em que as pessoas estão vivendo, de extrema frustração. Estão oprimidas, se sentindo em situação de violência com a Covid e com a estrutura social injusta”, ressalta.
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“É um solo propício para a gente tirar esse sentimento de mim ‘fraco, oprimido’ e jogar no outro. E que tenha um bode expiatório que sofra tudo aquilo. É um mecanismo de proteção. Eu ponho no outro tudo aquilo que não aceito em mim. É como se fosse uma realização de se sentir sem esses aspectos ruins e fracos”, diz.
A psicóloga relembra que os episódios da sociedade onde a explosão de relações destrutivas são evidentes, não são recentes. À época do Coliseu, as pessoas já observavam outros cidadãos sendo atacados por animais. Elisa afirma que não se pode confundir o “prazer” de se observar brigas, lutas e sadismo com ”gostar de viver o ódio”. É uma questão de observação.
“Eu observo e posso replicar e realizar através do outro essa minha pulsão destrutiva, de ódio. Eu mesmo não estou exercitando isso, mas estou realizando. É um impulso destrutivo que está em mim, mas eu não funciona assim [na sociedade] porque é necessário uma contenção de viver em harmonia”, afirma.
O comportamento, segundo Elisa, é algo comum do ser humano, chamado pulsão de morte na psicanálise. É um insisto contido pela pulsão de vida, que é a parte amorosa do ser humano. “Se tem algo de destrutivo dentro de mim, fica ponderado porque tem o outro lado.
Estamos em todos os momentos em situações de fragilidade, e propicia ainda mais situações onde pode imperar mais um discurso de ódio do que um discurso amoroso e colocar a minha insatisfação de fora”.
O processo civilizatório existe para a contenção da impulsividade, ou não seria possível viver em civilização. “Sociedades mais restritas e mais opressoras, mas essa violência latente sai de forma brutal. Em sociedades mais livres, mais resolvidas, onde se há mais liberdade de igual, é menor”, explica.
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