Euforia com eventos faz jovens deixarem de lado protocolos; casos de Covid cresceram
Gonzalo Vecina comenta o aumento de casos de Covid após retorno dos eventos: “quem está se arriscando em atividades culturais são, na maioria, os jovens”
11/06/2022 08h00
Depois de dois anos, a volta dos shows presenciais está com cada vez mais demandas para recuperar o tempo perdido dos produtores, artistas e do público. O Brasil tem grandes festivais e espetáculos internacionais marcados para o ano. No entanto, a euforia tem provocado descuido e promovido um aumento de cerca de 10% dos casos de Covid-19 no país no último mês. Os frequentadores flexibilizaram o uso máscaras e nem todos locais exigem a apresentação do comprovante de vacina.
Em entrevista para o portal da TV Cultura, o médico sanitarista Dr. Gonzalo Vecina, explica que mesmo com o uso de máscara liberado é importante manter medidas sanitárias para conter o avanço da contaminação.
Com festivais marcados para os meses de setembro, outubro e novembro, além dos shows em paralelo, o país tem flexibilizado medidas sanitárias por todas as grandes cidades — que tendem a ser pólos centrais para os eventos.
O produtor de eventos Emiliano Xavier comenta sobre o entusiasmo não só do público como também da equipe. “É muito gratificante voltar. Cada vez que você vê um profissional de novo ali é como se ele tivesse congelado por uma década e voltado à vida”, diz.
Emiliano fez parte da produção do festival Lollapalooza, que aconteceu nos dias 25, 26 e 27 de março, no Autódromo de Interlagos, zona sul de São Paulo. Ele comenta que grande parte do público estava sem máscara durante o evento. Apesar disso, a produção continua seguindo todas as medidas propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse mesmo comportamento pode ser observado pela reportagem do site da TV Cultura em outros eventos.
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Apesar de a pandemia não ter sido erradicada e o aumento dos casos ter se mostrado recorrente, a promessa de shows nacionais e internacionais para o segundo semestre do ano é mantida. A estudante de publicidade e propaganda da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Karina Modesto, relata sua empolgação. “É muito estranho o clima em si, a questão das máscaras mesmo, muitas pessoas estavam sem e outras com (...) Às vezes, eu tirava para beber água e esquecia de colocar de volta”, a universitária relembra.
Xavier afirma haver “empolgação total” e ainda explica a importância desse retorno para os profissionais de evento. “O público estava sedento. Não só o público, os organizadores, tava todo mundo ansioso por esse retorno”.
Kiss, Metallica, Louis Tomlinson e MITA Festival foram algumas das mais recentes apresentações que atraíram milhares de pessoas para as pistas, “Eu acredito que a sensação é a mesma para quem ficou dois anos sem presenciar uma boa expressão artística ao vivo”, comenta Julio Cesar, estudante de jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Com isso, toda a satisfação do mundo “pós-pandêmico” revelou a realidade do (novo) novo-normal.
Aumento de casos de Covid-19
Dr. Vecina explica a importância da testagem não só daqueles que vão para festivais, mas também para todos que estão participando de projetos com o público. “Quem está se arriscando em atividades culturais são, na maioria, os jovens. É o público que está tendo aula, saindo todos os dias”, diz o médico.
O sanitarista ainda ressalta que é preciso fazer o teste porque, caso o resultado seja positivo, estando ciente da contaminação, é recomendado isolar-se e evitar a proliferação do vírus. “Ainda estamos com mutações, isso é importante lembrar, então a testagem precisa ser feita e as medidas ainda fazem sentido no momento em que estamos”.
“Esperamos que sejam dias melhores”, diz Emiliano, produtor de eventos, “mas até lá, seguimos fazendo o uso de máscara e nos cuidando como possível”. A espera de dias melhores continua para organizadores, músicos, cantores, médicos e principalmente para o público. Com tanta espera, a retomada era certa, mas a euforia precisa estar na dose dos protocolos.
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