O apagamento cultural de Bezerra da Silva, sambista que retratava a realidade do morro
Julio Maria escreveu um artigo sobre o assunto e acredita que o politicamente correto influenciou esse esquecimento
29/07/2022 00h09
O Linhas Cruzadas desta semana conversou sobre o impacto do politicamente correto na sociedade, especialmente na área da cultura.
Leia mais: “O politicamente correto tem menos criatividade e pouco humor”, diz Thaís Oyama
A edição ouviu o repórter Julio Maria, que escreveu um artigo recente sobre o apagamento do sambista Bezerra da Silva. Ele acredita que esse esquecimento está diretamente relacionado ao movimento do politicamente correto.
Veja a explicação:
“O que estamos vendo acontecer com o Bezerra é um silêncio. Não se coloca contra, mas não se fala. E por que outros artistas não gravam suas músicas? Porque quando ele canta o samba do morro, não é um morro poético. O Bezerra não faz a mediação poética de sua linguagem para que ela seja legitimada e aceita na música brasileira”, explicou Julio.
Ainda de acordo com o repórter, essa “falta de filtro” fez Bezerra ficar sozinho no meio do samba. Ele explicou que a realidade do morro não é bem-vista no Brasil.
“Bezerra nunca fez parte de nenhuma turma, porque cantava coisas do tipo: ‘Lá na minha bocada, a crioula do Chico pedia socorro; a nega apanhava que nem ladrão; vou apertar, mas não vou acender agora’. O Brasil perde um cronista que entrava no barraco e trazia a realidade daquele lugar que ninguém trouxe. Uma pena”, lamentou Julio.
Leia também: Pondé critica filmes politicamente corretos: “Humilham a inteligência”
Assista ao programa na íntegra:
No ar toda quinta-feira, o Linhas Cruzadas é um programa de análise aprofundada, diferenciada, de fatos do noticiário recente.
REDES SOCIAIS