Uma das principais dúvidas entre os fãs de música eletrônica durante a pandemia era como os eventos iriam voltar. Para alguns, seria devagar, já que a Covid-19 afetou a economia e não seria fácil retomar com grandes festivais. Para outros, a retomada seria triunfal, pois todos iam querer participar de festas após o distanciamento social.
Independentemente de como voltaria, os artistas usaram o período fora da estrada para trabalhar novos materiais e estratégias para aumentar sua base de fãs.
Quem fez bem o dever de casa foi DJ gaúcha Carola, que viu sua carreira ganhar destaque nos últimos dois anos. Acostumada tocar em festas eletrônicas no sul do país antes da pandemia, a artista foi destaque do line-up do palco New Dance Order, no Rock in Rio 2022.
“Sempre tive como objetivo tocar no Rock in Rio. Foi muito massa isso ter acontecido agora, já que esse ano, com certeza, é o ano de maior crescimento do meu projeto. Estou trabalhando há 10 anos nisso e agora as paradas estão começando a dar certo. É muito bom ter tido mais essa conquista e poder colocar ele junto de todos os highlights deste ano”, conta a artista.
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O festival de música no Rio de Janeiro não foi a única conquista dela esse ano. Carola também tocou no Tomorrowland Bélgica, um dos maiores festivais de música eletrônica do mundo, Ushuaia, um dos maiores clubs de Ibiza e esteve no line-up dos maiores eventos do segmento no Brasil.
Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, ela conta como é chegar a esses grandes eventos, os desafios que teve vencer e quais os próximos passos do projeto.
Início em Porto Alegre
O caminho para o universo da música eletrônica começou em 2007, quando Carola ainda tinha 14 anos, por influência de um primo, que já frequentava algumas festas. Na época, ela só escutava pagode e funk e a única referência era o “Summer Eletrohits”, compilado das principais tracks do ano.
Logo na primeira festa, ela se encantou com o ambiente, mas admite que demorou para compreender o som.
“Foi incrível. Mas não entendia muito o que estava rolando no som. Pra mim, o artista entrava para tocar e ficava tocando a mesma música durante uma hora. Eu não entendia nada de como funcionava a estrutura da música eletrônica, mas me interessei a partir daquele dia. Comecei a acompanhar a cena”, explica.
Mesmo menor de idade, ela encontrava maneiras de frequentar as festas e conhecer mais o estilo musical.
A mudança de chave, que foi a passagem de fã para alguém que se dedica a indústria, foi quando precisou arrumar um emprego. Para não se afastar das festas, passou a ajudar as pessoas que querias ir nos shows, mas não tinham carro.
“Eu tinha dificuldade de me deslocar até o evento. Foi quando pensei: “deve ter muita gente que também não tem como ir, tá ligado?. Aí eu pensei: ‘vou alugar um ônibus e vender lugares para as pessoas que não tem como ir nas festas, assim como eu. Já ganhei uma grana para gastar na festa também”, diz.
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Anos indo às festas e fazendo muitos amigos fez com que ela se interessasse na produção das músicas. Foi quando decidiu dar mais um passo. Sair da organização das festas, para ser a atração. Passou a estudar produção musical e aprender a mexer na mesa do DJ. Em 2012, fez sua primeira apresentação.
Dificuldades
Apesar da frequência nas festas, não foi simples encontrar eventos para se apresentar. “O primeiro ano foi difícil. Quase não conseguia evento”, revela. Um dos maiores desafios, segunda ela, foi encontrar suporte de empresas e produtoras para artistas no início de carreira.
Pandemia e sucesso na carreira
Para sustentar a carreira como artista, Carola trabalhou em uma produtora de eventos. Mas, foi demitida logo no início da pandemia. O que parecia uma notícia ruim, por não ter uma renda fixa, acabou se tornando muito boa, pois conseguiu focar no projeto musical.
Com um portfólio maior de músicas autorais, ela passou a ganhar espaço entre as produtoras brasileiras. Uma delas foi a Só Track Boa, que abriu espaço para fazer lives em seus canais nas redes sociais.
Graças a esse espaço, ela conseguiu mostrar seu trabalho, fechar contratos com gravadoras, como a STMPD RCRDS, label de Martin Garrix, e estar pronta para as festas quando a Covid-19 estivesse controlada.
Na última semana, ela assinou com a Uta Music, empresa responsável por administrar seus shows internacionais. A empresa já trabalha com Anitta, Diplo e Post Malone.
"Estou muito feliz em poder mostrar nossa essência ao público europeu e mundial, já que serão encontros com pessoas de todos os continentes”, celebra.
Próximos passos
O ano de 2022 foram de conquistas, mas 2023 promete muito. Carola adiantou que deve fazer uma turnê pelos Estados Unidos.
“Ano que vem, eu tenho certeza que a gente vai ter aí uma turnê bem massa nos Estados Unidos. Espero também voltar para os festivais aí que fui esse ano né, como o Tomorrowland”, conta.
Ela também adianta que terá mudanças na sua sonoridade. “Estou mudando um pouco a minha identidade sonora, então a galera vai conseguir observar nos próximos meses aí esse amadurecimento no som”, detalha.
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