Um dos setores da economia mais atingidos pela pandemia da Covid-19 foi a de eventos. Com a impossibilidade de reunir um alto número de pessoas, as empresas ficaram paradas esperando a tempestade passar. E quando parou, foi iniciada uma corrida para recuperar o tempo perdido.
Na parte de entretenimento, uma das cenas que mais investiram na retomada foi o da música eletrônica. Os grandes festivais voltaram com força em todo mundo. Um dos mais populares é o Ultra, que está presente nos seis continentes. Depois de um hiato de sete anos, ele volta ao Brasil com a promessa de ser uma das edições mais impactantes.
O evento começa nesta sexta-feira (21) e só termina na noite de sábado (22) no Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista. A expectativa é que 15 mil pessoas por dia.
A nova safra de Djs brasileiros quer aproveitar a oportunidade para mostrar seu trabalho e ganhar mais espaço na cena. O evento contará com um palco para que diversos talentos mostrem seu trabalho pela primeira vez em um megaevento.
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Quem não quer perder essa chance é a dupla Thiago Cymbal e Wagner Farias, os responsáveis pelo projeto Evokings. Os dois estiveram na última edição do Ultra Brasil, que aconteceu em 2016 no Rio de Janeiro. Agora, em 2023, estão escalados no lineup.
“Naquela época, ir no Ultra era uma sensação muito louca, era tudo muito novo para a gente. Nós víamos esses festivais fora do Brasil e nunca pensamos que poderíamos tocar lá algum dia. Esse evento é muito simbólico na verdade, né? Porque, em 2016, foi quando começamos a produzir as nossas músicas como Evokings. Acho que tem esse simbolismo”, conta Farias.
Antes da apresentação, o duo falou com exclusividade ao site da TV Cultura e eles fizeram questão de ressaltar que o festival pode ser a chance de dar um upgrade na carreira da qualquer Dj.
“Ultra dá uma visibilidade absurda para o mundo inteiro, então, com certeza, isso abre portas, né? Vamos ver o que vai acontecer. Vamos ver o que o futuro nos nos aguarda. É um festival que o pessoal tá de olho”, afirma Cymbal.
O duo se apresenta no segundo dia do festival e fará um B2B com o também brasileiro Reezer. Os três são parceiros de longa data, mas essa será a primeira vez que farão um show juntos. A dupla não nega que esse será um desafio, mas que estão prontos para entregar uma grande experiência ao público.
“Está sendo uma experiência interessante, né? Estamos trocando ideias com o Reezer para escolher as músicas do set, para ter uma ideia mais ou menos do que a gente vai tocar. A vantagem é que ele tem um som progressivo e conversa muito com as nossas coisas. Mas também tem algumas coisas nossas que a gente já tá lançando e não conversa tanto com a sonoridade dele atual. Mas a gente está achando o meio do caminho, entendeu? No final das contas, precisa pensar é no tudo e não apenas na sua parte e fazer uma história”, explica a dupla.
Oportunidade para mulheres
Os megaeventos também são oportunidades para as mulheres mostrarem seu trabalho. Em um meio que também sofre as influencias no machismo, os grandes lineups abrem espaço para elas. Uma que está ansiosa para se apresentar é Jessica Brankka.
Com uma pegada mais underground do que comercial, ela passou a ser escalada para tocar em grandes clubs do Brasil e do mundo, como o Green Valley, em Santa Catarina, e o Hi Ibiza, considerada a melhor balada do mundo em 2022.
“[O Ultra] Foi sempre um dos festivais que eu sempre almejei fazer parte. Estou me sentindo muito realizada e muito feliz. Mais ainda por ser no Brasil, né? Representar o Brasil em casa, eu acho que a expectativas são as melhores possíveis”, diz a artista.
Na avaliação dela, a principal diferença entre se apresentar no festival e no club é o público. Enquanto as baladas reunem um público mais nichado, as grandes festas possuem uma galera mais ampla. Então, acaba sendo uma oportunidade de ouro para atrair mais fãs.
“Um festival abrange mais diversidade. Eu diria que é algo mais abrangente, o que é muito bom pra nós artistas, né? A gente pode criar e trazer várias coisas novas. Acho também que o público está sempre muito aberto a novidades”, afirma.
Sobre o espaço das mulheres nas grandes festas, ela admite que a situação está melhorando, mas ainda é muito difícil. Mesmo com os contratantes entendendo que o público quer representatividade na pista de dança, há resistência.
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“Acho que as mulheres vem representando a cena eletrônica tão bem quanto os homens. Diria no mesmo nível técnico. Então, existe sim uma resistência, eu acho que a gente tem que se provar mais ainda. Eu acredito que no futuro isso não deva mais existir. A música não tem gênero e é assim que a gente deveria ser tratado, assim que os artistas deveriam ser tratados”, expõe.
Em busca de identidade
A brasileira se apresenta no festival na noite da sexta-feira e fecha os trabalhos no palco Worldwide. Ao ser questionada sobre o que o público pode esperar do show, ela expõe um objetivo da carreira. “Independente de onde eu toque, tento sempre mostrar quem é a Jéssica branca e levar a minha identidade sonora comigo”.
Esse também é um objetivo do projeto Evokings. Após quase sete anos, o duo acredita que encontrou uma assinatura. Mas garante que não estão parados e sempre buscam evoluir.
“Levou um tempo para a gente chegar nessa identidade, pra gente descobrir qual a nossa identidade, né? Ao longo do caminho, você faz descobertas. Leva anos para você se descobrir como artista e se posicionar. Acho que é óbvio que todo artista está sempre em constante evolução, né? Você nunca está parado”, diz a dupla.
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