No dia 7 de maio deste ano, o Brasil ficou um pouco mais triste com a morte de Palmira Nery da Silva Onofre, a eterna Vovó Palmirinha.
Quem tinha o costume de acompanhar a cozinheira e apresentadora pela televisão sabe que ela não ficava sozinha na hora de ensinar suas receitas. Guinho, o fantoche que participava das filmagens, sempre estava ao lado para tornar o ambiente mais leve e engraçado. Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, Anderson Clayton, criador e intérprete do boneco, além de ex-empresário de Palmirinha, contou um pouco sobre a origem do personagem e a relação com a “vovó mais querida do Brasil”.
Segundo Anderson, a criação do Guinho se deu bem antes do encontro com Palmirinha. Ele conta que, desde criança, era apaixonado pelos personagens de Cocoricó, X-Tudo e Castelo Rá-Tim-Bum.
“Foi uma coisa que surgiu na mente de um menino apaixonado por bonecos, que queria muito fazer alguma coisa na TV Cultura”, revela.
Leia Também: Roberto de Carvalho fala que Rita Lee morreu em paz: "Ela queria viver, não queria partir"
A paixão de Anderson por fantoches foi beneficiada pela mãe, que era professora voluntária em uma igreja. A brincadeira com os bonecos da mãe virou coisa séria, e o hobby virou trabalho. O intérprete fez cursos de especialização na área e trabalhou com crianças doentes em hospitais e festas infantis, até que surgiu a ideia de levar Guinho, sua criação, para a TV.
Após entrar em contato com diversas emissoras, Anderson recebeu um sinal verde da Gazeta e apresentou o trabalho com o fantoche para a produção. Inicialmente, trabalhou como participação especial com diversos apresentadores, até formar a dupla com Palmirinha, em 1999, a qual rendeu muito sucesso.
“Começamos a trabalhar juntos e ela ganhou um programa só dela. O programa foi crescendo, crescendo, crescendo e acabei ficando 100% só com ela”, conta.
Relação com Palmirinha
“Ela esquecia que eu tava alí embaixo”. É assim que Anderson define a parceria de sucesso que teve com Palmirinha. Segundo ele, a relação dos dois era diferente da que tinha com outros apresentadores.
“A Palmirinha tinha uma mágica. Eu trabalhei com outros apresentadores, eles sabiam que o Anderson estava lá embaixo. A Palmirinha também sabia, mas quando acabava o programa. Durante o programa ela entrava na mágica e o netinho e a vovó aconteciam”, comenta o intérprete.
Leia Também: TV Cultura homenageia Rita Lee com reapresentação de show dos 450 anos de São Paulo
É de se esperar que a mulher conhecida como “a vovó mais querida do Brasil” teria uma relação para além do profissional com seu colega de programa. Para Anderson, a apresentadora era uma espécie de figura materna.
“Costumo dizer que a Palmirinha é a vovó que você teve, você tem ou você vai ter (...) acredito que nesses 25 anos, tenho certeza absoluta que convivi muito mais com ela do que minha avó de sangue. Era impossível olhar para ela e não ver uma imagem materna. Uma imagem de vó”, diz.
Carinho dos fãs
Segundo Anderson, o personagem Guinho no programa representava todas as crianças que passavam o dia com os avós. Ele conta que recebeu diversas mensagens de pessoas que assistiam a produção junto com seus vovós e vovôs.
“É um lugar muito familiar que hoje não existe mais, cada vez existe menos na televisão. Os netinhos não assistem ao Youtube com os avós”, comenta.
Segundo a família de Palmirinha Onofre, a apresentadora morreu devido a um agravamento de problemas renais crônicos.
Pelas redes sociais, o criador do boneco publicou um texto de homenagem.
"Vivemos nesses últimos 25 anos muitas conversas, horas e horas de camarim, gargalhadas e lágrimas. Claro... como toda história, alguns momentos tristes surgem, porque sem eles não conseguiríamos mostrar que uma grande história também é feita de desencontros e dor. Mas o amor e respeito sempre prevaleceram", publicou.
Leia Também: Intérprete do boneco Guinho lamenta morte de Palmirinha: “Dói pensar que nunca mais vou gravar com você”
Assista à participação de Palmirinha no programa 'Provocações', com Antônio Abujamra:
REDES SOCIAIS