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Qual o tempo ideal de uma música? Para as plataformas de streaming, o consumidor, geralmente, escuta canções que possuem de dois até quatro minutos. Dessa maneira, muitos artistas, visando um número maior de streams, produzem com essa minutagem.

Mas isso não é uma regra concreta e alguns artistas não querem seguir esse padrão. Um deles é o Dj brasileiro Glen, que acaba de produzir “Stop, Don’t Stop”. A versão oficial possui 14 minutos e 41 segundos. É isso mesmo que você leu. Partindo de uma base de 126 BPM e bebendo de fontes que vão do hardcore ao gabba, ela mescla momentos de alta energia, que chegam a bater 814 BPM, com desacelerações que descem até os 20 BPM.


Para entender como uma música dessa é produzida, o portal da TV Cultura conversou com músico, que possui mais de 20 anos de carreira, para saber os segredos da sua mais recente criação.

“Na época, estava falando com meu manager. Ele falava que, cada vez mais, as músicas têm que ser menores, têm que ser de dois minutos e meio. A galera, no Spotify, não escuta mais que isso. Se você colocar uma música de sete minutos, hoje em dia, é um absurdo”, explica o Dj.

“É uma música que fica falando: ‘don’t stop’. Então, ela não para, né? Ela continua, ela vai variando o BPM. Ela é um ‘don’t stop’ em vários sentidos. Você acha que vai parar e não para. Essa brincadeira veio na ideia quando eu ia tocar no fim de uma festa. Nessa época, eu ia ser o último DJ da festa e sempre rola a brincadeira de tocar uma saideira. Só mais uma, mas tanto faz quanto tempo tem, porque é só mais uma. Então essa 'só mais uma' é de 15 minutos. Ela finge que para e não para por causa dessa brincadeira da última vez”, completa.

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Junto com o Dj, a música foi produzida por mais duas pessoas. Nana Torres, que também é esposa de Glen, e GetCosty. Todos os vocais da canção são dela.

A artista revela que gravou muito material e ficou surpresa com o resultado final da música. “Eu gravei um tempão. Fui gravando várias coisas. Tinha escutado a música quando não tava pronta. Então, você não tem muita ideia do que vai rolar ou para onde vai. Gravei várias coisas na minha cabeça. Tinha imaginado que ia ficar completamente diferente. Na hora que ele me mostrou, ele tinha usado um pedaço que eu menos imaginava”.

Sobre a parceira com GetCosty, o brasileiro já mantinha contato, até que surgiu a ideia de uma parceria real para produção. 

"Eu já tocava muitas músicas do GetCosy, mas a ideia da collab partiu dele, que me procurou falando que tinha meus sons como referência máxima. Inclusive, já temos outras duas prontas também", conta. 


Feedback do público

Ao contrário de outros estilos músicas, os Djs de música eletrônica têm o luxo de testar suas produções. Antes de lançarem oficialmente, conseguem colocar durante uma festa e saber como o público reage. Glen fez isso com “Stop, Don’t Stop”.

Em uma festa em Campinas, ele fez exatamente o que tinha planejado. Ao fechar o set, colocou a música e teve um Feedback positivo da pista.

“Funcionou do jeito que eu queria. Quando ia parar, a música mandava a mensagem: ‘galera, não vai parar’. Quando volta, volta aceleradão, né? Vai subindo e vai subindo a velocidade”, conta.

Além da mensagem, o casal explica que o que fez o público aprovar a música foi a tentativa de criar algo bem diferente do comum. Enquanto a maioria das canções seguem uma mesma velocidade, essa possui uma grande variação.


Lançamento

Apesar de Glen, Nana, GetCosty e o público terem aprovado, ainda era necessário convencer alguma gravadora a lançar a faixa nas plataformas. Grandes labels, como Spinnin Records e Armada Music, não possuem histórico de tracks tão longas.

Uma das alternativas foi enviar para a Relief, gravadora do Dj americano Green Velvet. Eles admitiram que a canção não foi aceita rapidamente. Ela só aconteceu quando o público de fora do país entregou um ‘selo de qualidade’.

“A gente começou a ver nos stories dele a música. Então, começamos a pensar: ‘se está rolando nas redes, está bom’. Logo em seguida, ele postou vídeo. Quando começa a postar, é quando a música mais bombou na apresentação”, diz Nana.

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Uma semana após as publicações, Green Velvet retornou e topou lançar a produção. Porém, eles precisaram ajustar para as plataformas. Foi lançado um EP com a forma original de 14 minutos, uma versão rádio e outro remix do próprio norte-americano.

Lançada oficialmente no dia 28 de julho, a música fez muito sucesso entre os Djs e ficou na lista de mais vendidas do Beatport, plataforma onde músicos disponibilizam seus trabalhos.

Pista como combustível na produção

Para muitos Djs, o período de isolamento na pandemia foi fundamental para estudar e produzir novas músicas. Resultado disso são as quantidades de álbuns de música eletrônica que foram ou serão lançados. São os casos de Swedish House Mafia, Gorgon City, Anyma, Vintage Culture e Meduza.

Mas, para Glen, esse período trancado no estúdio foi muito diferente. Ele revela que as músicas produzidas entre 2020 e 2021 possuem um tom mais melancólico e que precisa da energia do público para ter melhores ideias.

“Eu preciso das pessoas na pista para conseguir criar. Como essa história que contei da “Stop, Don’t Stop”. Se eu não tivesse aquela festa para tocar, nunca ia ter tido essa ideia, entendeu? Então, preciso das festas para ser criativo. E essa troca é sincera”, finaliza.