“O crime começou lavar dinheiro nas igrejas”, afirma pesquisador Bruno Paes Manso
Autor do livro “A Fé e o Fuzil: Crime e Religião no Brasil no Século XXI” explica ligação do crime com a religião
31/10/2023 22h15
Marcelo Tas conversa nesta terça-feira (31) com Bruno Paes Manso, jornalista, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e autor de diversos livros sobre a atuação das facções criminosas no Brasil.
Ao falar sobre seu último livro, intitulado “A Fé e o Fuzil: Crime e Religião no Brasil no Século XXI”, Manso conta sobre o papel das igrejas nas comunidades mais pobres.
“As cidades são lugares que, se não tiver dinheiro, você é morto pela polícia, não tem saúde, escola e tudo mais. E você precisa construir ou abraçar um espírito moderno. Então, você exorcisa o passado, passa a ter uma nova disciplina e um novo autocontrole a partir da conversão voltado a ganhar dinheiro. É a teologia da prosperidade muito forte. Aí, se ganha o espírito mais adequado com as exigências da cidade”, explica.
Ao explicar o impacto no crime, o escritor conta que, há anos, as igrejas se tornaram uma porta de saída para muitos infratores.
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“O crime é uma ilusão. As pessoas percebem isso e entram em estados depressivos. É aí que elas abraçam Jesus. Essas pessoas se arrependem. Essa transformação exige um arrependimento sincero. E os chefões aceitam”, completa.
Porém, ele conta que muitas facções, olhando a quantidade de conversões, passaram a usar a igreja em benefício próprio.
“O crime passou a lavar dinheiro dentro das igrejas. O segundo homem do PCC investiu mais de R$ 20 milhões na Assembleia de Deus para lavagem de dinheiro”, finaliza.
Assista ao trecho completo:
O Provoca é apresentado por Marcelo Tas e vai ao ar às terças, às 22h, na TV Cultura, no aplicativo Cultura Play, site oficial da emissora e canal do programa no YouTube.
Assista ao programa completo:
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