Marcelo Tas recebe o ator Clayton Nascimento no Provoca desta terça-feira (21)
Entrevista inédita vai ao ar às 22h na TV Cultura
21/11/2023 08h03
Marcelo Tas recebe o ator, dramaturgo e educador Clayton Nascimento no Provoca desta terça-feira (21).
Na entrevista, o artista fala sobre como foi receber elogios de Fernanda Montenegro, conta como foi um assalto racista que sofreu e comenta ainda a formação da segurança pública no Brasil. O programa vai ao ar às 22h na TV Cultura.
“Tem um momento na peça que eu leio uma carta, um momento delicado para a plateia, e eu ouço uma voz vindo perto de mim e dizendo: ‘bravo menino!’. E, em cena, eu pensei: ‘eu conheço essa voz, mas devo seguir’. Quando acaba, Fernanda Montenegro levanta a mão e começa a dizer coisas maravilhosas: ‘você é um fenômeno, eu tenho 90 anos de teatro e nunca tinha visto isso. Você vai fazer isso para sempre, ainda bem que você é brasileiro”, lembra Nascimento.
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Ele também diz que, antes de ser um artista, as pessoas o viam como um "tipo perigoso".
“Um dia eu saio do cinema e vou para a Paulista, a avenida mais famosa da América Latina, eu paro num ponto de ônibus e surge um casal dizendo: ‘ele roubou nosso mercadinho’. E eu disse: ‘não, eu não roubei, você está me confundindo’. E surgiu uma mulher depois dizendo: ‘e me bateu depois’. Eu olhava para o ponto de ônibus e dizia que não era verdade: ‘vocês estão vendo que não é verdade, me ajuda’. Aí eu entendi, é a minha palavra contra a de duas pessoas brancas. E ali eu fui punido, espancado e roubado no final”, conta.
O dramaturgo e educador explica que o episódio pode ser configurado como um assalto racista, já que o colocaram como um agressor social: “a maioria dos corpos pretos quando são atacados dizem quase as mesmas frases: ‘você está me confundindo, olha meu documento, estou trabalhando’. E eu percebi que repeti séculos para tentar me safar de um modo saudável. Aí eu vou estudar bastante e eu leio Carolina Maria de Jesus dizendo: ‘Deus abençoe os brancos para que os pretos possam dormir em paz’ (...) e foi o que eu percebi, eu perdi o respeito, o cuidado com o meu próprio corpo quando um casal branco disse que eu era um ladrão e a sociedade acatou".
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