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Reprodução/ Arquivo Pessoal
Reprodução/ Arquivo Pessoal

Com o objetivo de transformar a realidade de jovens que vivem à margem da sociedade, Guilherme Miranda criou o Boxe Solidário, em 2020, para proporcionar maior acesso às pessoas que movimentam a cena periférica por meio do esporte.

Guilherme treinava boxe pelo projeto da torcida em Santo André, até fundar em 2015 junto de parceiros o Boxe Autônomo e formar a primeira equipe de competição. Miranda lutou até 2017 e depois resolveu se dedicar integralmente como treinador do projeto, a partir das experiências.

Em entrevista para o site da TV Cultura, ele conta que o intuito do Boxe Vila Ânglo era de expandir o alcance das crianças que vivem em situação de vulnerabilidade, cruzar a barreira que divide Periferia/Centro levando uma questão política e social.

“As aulas são bem técnicas, talvez por uma questão de posicionamento das redes sociais, de cartazes que coloco pelo bairro, nunca colou uma pessoa que politicamente pensava diferente de nós daqui”, conta.

Guilherme também é idealizador do “Boxe Solidário - Lutando por um futuro melhor'', pelo Catarse, que oferece aulas gratuitas para crianças e adultos em comunidades da região de São Paulo.

Com a pandemia, ele se viu em um momento onde queria fazer algo e precisava trabalhar, então começou dar aulas na Vila Ânglo, para onde havia se mudado. “Chegou um momento que eu comecei a dar aula por necessidade, estava metade da pandemia parado já, e voltei porque eu precisava pagar as contas”.

“A mensalidade era num esquema colaborativo como é até hoje aqui na Vila Ânglo, e a partir disso surgiu dois braços que é a ocupação Alcântara para Jovens e adultos e o projeto no Morro do Piolho onde é só para crianças”, continua o treinador.

Como disse Rincon Sapiência “meu verso é livre, ninguém me cancela” Guilherme fala que "o projeto é muito mais que um treino, existem muitas questões envolvidas como disciplina, respeito, saúde física e mental, e inclusão”

O Boxe Solidário é um espaço de convivência e aprendizado para todos que frequentam as academias e ocupações. A ideia é ocupar espaços públicos com o boxe, levando uma visão além do esporte, e tornar estes espaços seguros.

Além das oficinas de boxe, Miranda quer criar novas relações através de debates, exibições de cinema, shows, palestras e eventos com atletas e figuras públicas que tragam novas ambições para as crianças da comunidade.

Porém ele não consegue caminhar sozinho com o projeto, por isso hoje ele tem parcerias que o ajudam nas ocupações. "É o que eu falei, você dá aula, resolve o problema das crianças, cuida de rede social, vai fazer o uniforme, vai fazer camiseta para pagar o uniforme das crianças", diz.

O Boxe Solidário tem parceria com outras frentes, como a Nave Capão, que atua com crianças e adolescentes, principalmente na Favela de Jerusalém, na Zona Sul de São Paulo, junto com Bruno Capão, que apoia o projeto dentro da comunidade.

Também como a Solidariedade Vegan de Vivi Torrico, que atua oferecendo marmitas veganas para pessoas em situação de rua, precárias, entre outros projetos como a Brinquedoteca na Ocupa Alcântara Machado, que tem em seu cronograma aulas de boxe semanais para adultos e crianças.

"Se tivéssemos autonomia e estrutura seria ótimo. Isso são coisas que a gente nem deveria estar fazendo, porque o governo já deveria ter pronto e as pessoas deveriam ter acesso", comenta o treinador por não terem apoio governamental.

Miranda conta que a grande maioria das pessoas que pensam em ajudar, não querem fazer da forma correta "existe uma diferença entre caridade e solidariedade", pois sejam mídias, sejam fotógrafos querem ajudar de forma banal, como doação de doces, doação de roupas usadas e a ideia do projeto não é essa.

"A ideia é estar, criar, fortalecer e compartilhar. Se não for para mudar a realidade dessa molecada, eu nem quero fazer", conclui Guilherme sobre tocar o projeto.

Sobre as aulas

A estrutura dos treinos começa com a formação e apresentação, um debate aberto sobre o que vai ser passado no treino do dia, uma troca de ideias e descontração. Em seguida fazem um aquecimento com alguns exercícios coordenativos e lúdicos para as crianças entenderem como trabalhar o corpo dentro dos exercícios que serão passados durante as aulas de boxe. A escola de combate é feita a partir de fundamentos táticos para entender ou simular um combate e executar tudo que foi ensinado na escola de boxe.

O uso de aparelhos são essenciais para que o treino tenha qualidade, para o próprio entendimento e ambição das crianças em estar num espaço de conforto - e boa estrutura para evoluir não só como atleta mas como pessoa.

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