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Este sábado, dia 4 de dezembro, marca dez anos da morte de Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, ou simplesmente “Doutor Sócrates”, ídolo do Corinthians e craque do Brasil dentro e fora dos gramados. Há dez anos, Sócrates, com 57 anos, não resistia a uma infecção generalizada depois de uma terceira internação no hospital Albert Einstein, devido a problemas relacionados ao uso abusivo do álcool.

O craque dos passes sensacionais de calcanhar que deixavam companheiros na cara do gol partiu num domingo, em dia de título do Corinthians, assim como ele já havia declarado que gostaria que fosse o dia de sua morte. Na ocasião, o Timão conquistou o quinto Campeonato Brasileiro, em um clássico terminado em 0 a 0 contra o Palmeiras.

Antes do apito inicial, os jogadores corintianos ergueram o braço com o punho cerrado no meio de campo. Marca registrada do “Magrão” em suas comemorações pós gols. Relembre abaixo a carreira de Sócrates.


Botafogo de Ribeirão Preto

Sócrates iniciou sua carreira em Ribeirão Preto, jogando pelo Botafogo-SP. Era indiscutivelmente o melhor jogador da equipe, mesmo sendo obrigado a conciliar a vida de atleta com a faculdade de medicina. Por mais de uma vez chegou atrasado aos jogos da equipe do interior paulista por causa dos plantões médicos e compromissos com o curso.

Já no Botafogo, apresentava seu futebol elegante e a marca que carregaria até o fim da carreira, os geniais passes com o calcanhar. Por ser muito alto (tinha 1,90 metro de altura) tinha dificuldades para girar o corpo com velocidade e adotou o toque de categoria como um recurso para dar dinâmica ao seu jogo.

Pelo clube paulista, foi artilheiro do Paulistão de 1976. Durante a passagem, fez uma ótima dupla com o centroavante Geraldão, com quem também jogaria ao lado no Corinthians.


Corinthians

Sócrates chegou ao Corinthians para se tornar um dos maiores ídolos de toda história do clube. Sua chegada já foi agitada, a contratação é apontada como um chapéu do Timão, presidido à época por Vicente Matheus, em cima do São Paulo, que também disputava o craque.

Vestindo a camisa alvinegra se afirmou como um dos maiores jogadores do país entre o fim dos anos 70 e primeira metade dos anos 80. Mais uma vez era o protagonista da equipe. O camisa oito foi campeão de três Campeonatos Paulistas, em 1979, 1982 e 1983.

Sócrates participou de duplas de ataque marcantes no Corinthians com Palhinha e, posteriormente, com Walter Casagrande, com quem cultivou uma forte amizade.

Para além do tricampeonato Paulista, o Doutor participou de um dos movimentos mais atípicos e lendários do futebol brasileiro. A “Democracia Corintiana”, em meio à ditadura militar no início dos anos 80, abriu caminho para que atletas e outros funcionários da equipe fizessem parte das tomadas de decisão do clube.

E não foi apenas no Corinthians que Sócrates brigou por democracia. Ao lado de companheiros de clube também engajados com a manifestação política, como Wladimir e Casagrande, o camisa oito marcou presença nas manifestações pelo voto direto para presidente. Em um comício no Vale do Anhangabaú, em abril de 1984, o craque protagonizou o seu próprio “Dia do Fico”, tal qual o imperador Dom Pedro I. O jogador prometeu em meio à multidão que se a emenda Dante de Oliveira, que propunha eleições com participação direta da população, fosse aprovada, não deixaria o país para aceitar propostas do exterior. Contudo, a emenda não passou no Congresso, e em 1985 Sócrates foi contratado pela Fiorentina (ITA).

Veja Imagens: Webstory: Relembre a carreira de Sócrates

Fiorentina

Nos anos 80, o Campeonato Italiano era considerado o mais forte de todo o mundo. Grandes estrelas do futebol brasileiro e sul-americano foram contratadas por equipes da Itália, caso de Falcão, Zico, Júnior, Careca e o camisa dez argentino Diego Maradona. Era de se esperar que o Magrão não demoraria muito para jogar nesta liga. 

A passagem de Sócrates pela Itália não foi tão genial quanto as atuações pelo Botafogo, Corinthians e Seleção Brasileira. A vida na Itália e a dificuldade de socialização com os companheiros de elenco, algo fundamental para o craque, encurtaram a passagem dele por Florença. Além do mais, seu estilo de vida boemia e por vezes pouco atlético irritava preparadores físicos e alguns companheiros. O período na Itália durou apenas uma temporada.


Flamengo 

Depois da frustrante passagem pela Itália, Sócrates aceitou uma proposta do Flamengo e voltou ao Brasil, desta vez para defender a camisa do Flamengo. A contratação gerou grande expectativa já que o camisa oito reeditaria a parceria que teve com Zico na Copa do Mundo de 1982. 

A dupla, no entanto, teve um desempenho mais tímido do que se esperava. Lesões de ambos os atletas e a não preferência do técnico Lazaroni de botar o camisa oito para jogar fizeram com que Sócrates deixasse a equipe no começo de 1987. Ao menos, foram campeões do Campeonato Carioca de 1986.


Santos

Antes de fazer alguns últimos jogos com o time que o revelara, o Botafogo de Ribeirão Preto, Sócrates atuou em um grande clube brasileiro pela última vez entre 1988 e 1989, no Santos, time pelo qual torcia na infância. No alvinegro praiano jogou 47 partidas e anotou 14 gols.

Seleção Brasileira

Sócrates estreou na seleção brasileira em 1979, num jogo de Copa América contra o Paraguai. Dali em diante, não sairia mais do time, pelo menos até a Copa do Mundo disputada na Espanha em 1982. A seleção de 82 é considerada uma das maiores de todos os tempos, mesmo sem ter vencido o mundial.

A reunião de craques (Sócrates, Falcão, Zico, Éder, Júnior e etc.) e o estilo de jogo agressivo do técnico Telê Santana encantaram torcedores brasileiros e de outros países. Contudo, nem o gol de Magrão, capitão daquela seleção, no jogo contra a Itália conseguiu evitar uma desclassificação. Um endiabrado Paolo Rossi marcou três gols, contra dois do Brasil, e decretou o que ficaria conhecido como "Tragédia do Sarriá". Nesta copa, Sócrates estava em seu auge físico. Segundo companheiros de equipe, nunca havia se cuidado tanto fisicamente.

Quatro anos depois, no México, o craque teria mais uma chance de levantar a taça do mundial, não fosse a França liderada por Michel Platini. Em partida aberta, o 1 a 1 levou para  os pênaltis e Sócrates, assim como  o zagueiro Júlio César, perdeu o dele. Resultado, 4 a 3 para a França e uma nova eliminação.

Reconhecimento

Em 2020 uma lista da revista francesa France Football classificou Sócrates como um dos 20 maiores meias ofensivos de todos os tempos. Ele apareceu ao lado de craques como Zidane, Zico, Platini, Maradona e Pelé.

No Corinthians, Sócrates é ídolo absoluto. Em uma eleição recente, a Fiel escolheu os 11 nomes ideais do Timão de todos os tempos. E lá estava Sócrates. No Parque São Jorge há um busto em homenagem ao craque.