O futebol mudou exponencialmente nas últimas décadas. Um dos fatores que mais contribuiu para a transformação do esporte e da forma com que o público o enxerga e o consome foi, sem dúvidas, o crescimento das campanhas de marketing e a publicidade em torno dos jogadores e clubes.
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Formado em gestão esportiva e com MBA em Gestão e Marketing Esportivo, Bernardo Pontes é especialista em marketing no futebol. Com passagem por clubes como Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense e Vasco, ele deu uma entrevista exclusiva ao site da TV Cultura para falar sobre o assunto.
Onde tudo mudou
Para Bernardo, o futebol mudou quando “os departamentos de marketing dos clubes brasileiros pararam de ser vistos como despesa e começaram a ser vistos com investimento”. “Você precisa entender que aquele investimento vai voltar, porque as marcas vão ter interesse”, afirmou.
O gestor esportivo lembrou que o investimento na propaganda “vai abrir leques comerciais para que você tenha não só esse retorno de investimento que foi feito, mas uma lucratividade” e que, “cada vez mais, os clubes estão sendo vistos como um investimento”.
Bernardo ressaltou que os atletas, além de desempenharem suas funções dentro das quatro linhas, devem ter sua função fora do campo. “Os atletas vão ser cada vez mais ser vistos como um produto”, destacou.
Diferença para a Europa
Ao comentar a diferença entre o futebol europeu e o futebol sul-americano, ele também evidenciou a discrepância entre a importância que os clubes dão aos seus departamentos comerciais: “Lá (Europa), raros são os dias em que os atletas saem do campo e vão para casa. Eles sempre possuem um compromisso comercial ou institucional.”
“Isso é uma coisa que eu vejo muito presente no mercado europeu e no mercado americano. Os departamentos de futebol e de marketing nesses clubes são equivalentes. A mesma importância que o diretor de futebol tem no organograma do clube, o diretor de marketing tem também. Aqui no Brasil a gente está um pouco longe disso. Infelizmente, os departamentos de futebol ainda ditam as regras. Quando a gente precisa de um atleta para determinada campanha, se o diretor de futebol não liberar, ele não vai”, apontou o gestor.
“Trabalhei em cinco clubes, e raros foram os momentos em que tivemos a oportunidade de sentar com o diretor de futebol e montar uma proposta para determinado jogador, no viés mercadológico. No viés de marketing. O alcance que esse cara vai ter de venda de camisa, de sócio torcedor, de visibilidade de televisão”, completou Bernardo.
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