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Reprodução @manchaverdetorcida
Reprodução @manchaverdetorcida

A briga entre torcidas no futebol brasileiro sempre foi um assunto bastante debatido. Principalmente após o surgimento e crescimento das torcidas organizadas, a rivalidade entre os clubes deixou de existir somente dentro de campo. Os anos 90 foram marcados por violentas brigas de torcidas organizadas no Estado de São Paulo. Em 1995, ocorreu um dos episódios de violência mais marcantes da história do Brasil.

Palmeiras e São Paulo disputavam a final da Super Copa SP de Juniores no estádio do Pacaembu. Após o apito final, a Mancha Verde (torcida organizada do Palmeiras) entrou em campo para comemorar a vitória sobre o rival. Os integrantes da Independente (torcida organizada do São Paulo) também invadiram o gramado e as torcidas entraram em confronto.

Na época, uma reforma estava sendo feita no Pacaembu e pedras e pedaços de paus foram encontrados pela torcida Tricolor e usados como armas no confronto. A briga deixou mais de 100 feridos e um torcedor alviverde foi morto com pauladas na cabeça por um são-paulino, que foi condenado a 12 anos de prisão.

Após a imprensa repercutir muito o caso, o Ministério Público solicitou a extinção de ambas as torcidas. Além disso, os membros das organizadas estavam proibidos de entrar nos estádios com os uniformes de cada organização, com as bandeiras e com seus instrumentos musicais. Porém, os fanáticos seguiam indo aos jogos sem o traje proibido e os confrontos continuaram acontecendo.

Na época, as organizadas de ambos os clubes ainda mudaram seus nomes para que não seguissem “extintas”. A Mancha Verde passou a se chamar Mancha Alvi Verde e a Independente se tornou Torcida Independente Tricolor.

Reprodução @torcidaindependenteoficial

Depois da tragédia no Pacaembu, discutiu-se por quase 10 anos sobre as instituições de torcedores e como elas deveriam participar de um evento de futebol. Em 2003, foi criado o Estatuto do Torcedor para garantir direitos e deveres aos torcedores. Algumas das leis e proibições que vigoram hoje, estão presentes no Estatuto desde sua criação. Os membros de torcidas organizadas, por exemplo, só podem entrar com seus uniformes, instrumentos musicais e faixas em uma parte do estádio. A entrada de bandeiras de mastro seguiu proibida por todo esse período. No entanto, na última semana, a Justiça autorizou seu retorno.

Em 2016, Palmeiras e Corinthians se enfrentaram no Pacaembu, mas o que ficou marcado foram as brigas entre as organizadas antes e depois da partida, na zona leste de São Paulo. Um torcedor foi morto no confronto e 57 foram detidos. Entretanto, todos os detidos foram liberados após prestar depoimento.

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Esse novo caso motivou o Ministério Público a solicitar à FPF (Federação Paulista de Futebol) que os clássicos da capital paulista fossem disputados apenas com uma torcida no estádio. A FPF acatou ao pedido e determinou que somente a torcida do time mandante do confronto estaria no estádio em dias de clássico. No entanto, casos de violência entre as organizadas continuaram sendo relatados. Porém, agora, os torcedores entravam em confronto longe dos estádios.

Em entrevista ao site da TV Cultura, o delegado César Antônio Borges Saad, da Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva - (DRADE), do Dope, comenta sobre a continuação de confrontos entre torcidas mesmo com a medida de torcida única.

“A violência realmente não encerrou. Essa violência agora ocorre em estações de metrô, em estações de trem e muitas vezes com mais de 20, 30 quilômetros de distância do estádio. A diferença é que a briga que antes aconteceria no entorno do estádio, se fossem duas torcidas, migrou para esses lugares longe das praças desportivas.”, afirma.

O delegado reforça que a medida de torcida única transmite uma sensação de segurança aos torcedores “comuns” que frequentam o estádio. “Os dados que a Secretaria de Segurança tem é que com apenas uma torcida presente nos clássicos, houve a volta de crianças, idosos e famílias ao estádio.”.

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Até o mês de março de 2022, o Brasil contabilizava um caso de violência no futebol a cada quatro dias. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, os casos de violência entre torcidas e entre torcida e jogadores “aumentou consideravelmente” após a volta do público aos estádios.

Recentemente, torcedores das organizadas de Corinthians e Goiás entraram em confronto na Marginal Pinheiros, uma das principais avenidas de São Paulo, o que paralisou o trânsito no local por cerca de duas horas. A Polícia de São Paulo realiza o acompanhamento de torcidas visitantes na chegada à capital, mas às vezes as brigas acontecem antes da chegada da escolta.

“É feito um contato dias antes da vinda destes torcedores pelo 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar, que é especializado em segurança de eventos esportivos. A PM busca entender o número de torcedores que viajarão e a rota que farão até a capital. Porém, algumas vezes, esses torcedores que serão escoltados querem brigar e acabam marcando os confrontos pela internet em um ponto do trajeto que a Polícia Militar ainda não chegou para realizar a escolta.”, pontua o delegado.

Ainda de acordo com o César, a falta de punição é a principal causa de reincidência de confrontos entre torcedores. “Uma alteração legislativa seria o caminho para que as autoridades pudessem aplicar com mais rigor as leis pertinentes ao Estatuto do Torcedor e ao Código Penal. O endurecimento das leis, facilitaria uma maior punição a esses torcedores e, consequentemente, os casos de violência diminuíram.”, acredita.