No dia 27 de novembro de 2021, exatamente um ano atrás, o Palmeiras vencia o Flamengo por 2 a 1 na final da Copa Libertadores e conquistava o título pela segunda vez consecutiva, o tricampeonato do clube. A conquista ficou marcada na história do clube, principalmente, pelo gol marcado por Deyverson no primeiro tempo da prorrogação, que deu a vitória ao Verdão.
O caminha para a Gloria Eterna
Na primeira fase, o Palmeiras perdeu apenas um jogo e, apesar do revés, teve uma fase de grupos bastante tranquila e avançou como a segunda melhor campanha no geral. Nas oitavas de final, o Palestra enfrentou a Universidad Católica (CHI) e com a mesma consistência da fase anterior, os comandados de Abel Ferreira venceram as duas partidas e se classificaram sem sustos.
Pelas quartas de final, as dificuldades e o nervosismo começaram a aparecer na campanha rumo à Glória Eterna. O adversário da vez era o rival São Paulo. Pela partida de ida, no Morumbi, o Tricolor Paulista abriu o placar e tinha as melhores chances. Pela primeira vez na trajetória, a estrela de Abel Ferreira brilhou. Aos 22 minutos da etapa final, o treinador tirou Zé Rafael e colocou Patrick de Paula, que apenas seis minutos depois de entrar, marcou o gol de empate para deixar tudo igual no confronto.
No jogo de volta, o Verdão contou com uma noite inspirada de suas principais peças e aplicou um 3 a 0 no rival. Raphael Veiga, Dudu e Patrick de Paula fizeram os gols da partida.
Já na semifinal, novamente um adversário brasileiro. O Atlético-MG, de Hulk, Zaracho e Nacho, era um dos times mais temidos do país e tudo indicava um confronto bastante complicado, como realmente foi.
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No Allianz Parque, uma partida muito estudada e ninguém conseguiu marcar. Hulk teve a chance de colocar os mineiros na frente, mas acabou desperdiçando uma cobrança de pênalti.
No segundo confronto, no estádio do Mineirão, o Galo abriu o placar e teve algumas chances para aumentar a vantagem. Porém, mais uma vez, Abel Ferreira brilhou e colocou Gabriel Veron na partida. Dois minutos depois de entrar, o jovem, que voltava de lesão e era bastante questionado pela torcida, recebeu um passe de Piquerez, ganhou na corrida de Nathan Silva e cruzou para Dudu, de carrinho, empurrar para o gol e colocar o Verdão na decisão.
O que chamou a atenção foi que no momento do gol, o Palmeiras tinha 11 jogadores de linha dentro de campo. O atacante Deyverson, que estava no banco de reservas, acompanhou a arrancada de Verón na beirada do gramado, o que foi motivo de indignação do clube mineiro, que chegou a pedir a anulação da partida.
Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, Deyverson relembrou o momento e comentou sobre o pedido do adversário de invalidar o resultado. "Eu estava ali fora e a torcida deles xingando, falando que já estavam na final e aí o Veron passou pelo Nathan, deixou ele sentado, cruzou para o Dudu e eu fui acompanhando na empolgação e pensando ‘vou festejar como se fosse o gol do título’.
"No fundo, todo mundo já sabia que não ia anular o jogo porque eu não interferi em nada, mas eles tentaram botar uma pressão. O Luan (zagueiro) brincou comigo, ‘os caras vão anular, nem volta pra São Paulo, os caras vão te pegar lá'. Eu fiquei com medo”, brincou.
O predestinado menino maluquinho
Na decisão, o Palmeiras encarou o badalado Flamengo. O clube carioca era apontado por boa parte da imprensa como favorito ao título e, segundo o atacante do Verdão, isso serviu de motivação e combustível para a final.
“Eu falo por mim, mas acredito que todos os jogadores também sentiram isso. A torcida deles e boa parte da imprensa dizia que eles já eram campeões. Eles falaram que venderam o carro, venderam a casa para estar em Montevidéu e comemorar o título, isso mexeu muito com a gente. Claro que sabíamos da responsabilidade de jogar uma final contra o Flamengo, mas isso serviu bastante de combustível para gente”.
Por outro lado, Deyverson confirmou que a maior motivação veio do apoio dado pelos palmeirenses desde a saída do CT para o aeroporto.
“Foi algo tremendo. Tinha criança no colo do pai, torcedor mais velho, a Mancha em peso, foi algo surreal. A gente, de dentro do ônibus, ficou muito emocionado. Eu não consigo nem explicar o quanto foi importante ver o torcedor acreditando na gente . Foi impressionante o que a torcida do Palmeiras fez”.
O Alviverde abriu o placar aos quatro minutos do primeiro tempo, com Raphael Veiga, enquanto o empate do Rubro-Negro veio com Gabriel Barbosa na segunda etapa. Com o empate no tempo normal, a decisão foi para a prorrogação e uma nova história começou a ser escrita. O comandante Abel Ferreira precisou tirar Raphael Veiga, esgotado fisicamente, e mais uma vez, não optou por uma alteração óbvia e colocou Deyverson no jogo.
Os palmeirenses que não gostaram tanto da substituição, não esperavam que em apenas cinco minutos, estariam comemorando um dos gols mais importantes da história do clube. Após um passe para trás, o “menino maluquinho”, como é chamado carinhosamente pelos torcedores, roubou a bola de Andreas Pereira e, frente a frente com Diego Alves, finalizou de perna esquerda para levar o Alviverde à “Glória Eterna”.
“É um gol que não vai se apagar nunca, tanto na minha história quanto na do Palmeiras. As pessoas sabem o que eu passei dentro do Palmeiras e, hoje, sair na rua e ouvir das pessoas que sou um ídolo do Palmeiras é algo que eu não imaginava nem nos meus sonhos ser possível”, contou o atleta bastante emocionado.
O herói palmeirense ainda completou: “Antes de eu sair do clube, se eu pudesse fazer tudo diferente, eu faria. Eu sei o quanto eu magoei muitas pessoas pela minha forma de ser. Eu recebia mensagens falando que eu era palhaço e eu precisava tomar um rumo na minha vida".
"Eu peço desculpa por toda raiva que fiz os palmeirenses passarem e eu sabia que assim que eu voltasse para o clube, eu iria fazer diferente e recompensar toda a paciência que eles tiveram comigo. Graças a Deus, deu tudo certo e ao Palmeiras toda a minha gratidão”.
Apesar de tantos altos e baixos, com o gol do tricampeonato, Deyverson firmou seu nome para sempre na história do maior campeão do Brasil e fez jus ao termo “linha atacante de raça”, cantado no hino do clube paulista.
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