Wallace Santos é um paratleta brasileiro que viu sua vida virar de cabeça para baixo após um acidente de trabalho em 2007. Na ocasião, um ônibus da empresa em que ele trabalhava como mecânico caiu nas suas costas, quebrou sua coluna e o deixou paraplégico.
Aos 21 anos e com um filho recém-nascido, Wallace desenvolveu depressão e sofreu muito para se adaptar a uma nova realidade. Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, o paratleta fala sobre a importância de sua mãe para sua reabilitação e desenvolvimento como esportista.
“Eu estava passando por uma fase muito difícil. Minha saúde, inclusive, estava cada vez pior. Então, um dia, minha mãe virou para mim e disse que queria o filho dela de volta. Isso mexeu demais comigo e foi ali que eu decidi ir atrás de ajuda e acabei encontrando o esporte”.
Entretanto, apesar dos grandes resultados como paratleta de arremesso de peso, Wallace conta que o atletismo não foi seu primeiro contato com esportes paralímpicos. “Eu conheci primeiro o basquete em cadeira de rodas e depois, o handebol. O atletismo surgiu na minha vida por meio da minha professora Jurema, que me apresentou o arremesso de peso e me treinou para eu me desenvolver”, explica.
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O primeiro grande campeonato do brasileiro na modalidade foram as Paralimpíadas de 2016. Natural do Rio de Janeiro, Wallace esperava ter um bom desempenho nos Jogos, mas não conseguiu sequer se classificar para a final. Embora o resultado não tenha sido nem próximo do esperado, o carioca aponta que a competição foi um divisor de águas na sua carreira.
“Foi nas Paralimpíadas do Rio que o atleta de alto rendimento surgiu de verdade dentro de mim. Eu consegui me classificar para os Jogos, mas cheguei muito imaturo para competir. Por isso, eu não me abati. Entendi onde tinha que evoluir e comecei a direcionar melhor meus esforços para estar mais preparado para Tóquio-2020”.
No Japão, a preparação mais detalhada fez efeito e Wallace não só conquistou a medalha de ouro, como bateu o recorde mundial do arremesso de peso com a marca de 12,63m. De acordo com ele, a intenção era conquistar uma medalha, mas não exclusivamente a de ouro.
“Em Tóquio, eu só queria uma medalha. Não buscava a de ouro e, por isso, não esperava. Ela veio porque o nosso trabalho foi muito bem feito, eu estava muito concentrado e Deus permitiu”.
Já no Mundial de Paris, realizado em julho deste ano, o brasileiro ficou com o bronze e perdeu o recorde mundial por cinco centímetros. Agora, visando as Paralimpíadas, o paratleta acredita que o resultado pode ser melhor e se diz focado na busca pela segunda medalha de ouro.
“O meu terceiro lugar no Mundial e a perda do recorde me deram ainda mais força. A nossa equipe está sendo perfeita comigo. Minha cabeça está focada e tranquila para chegar e competir para recuperar a melhor marca do mundo”, afirma.
Para o carioca, os grandes resultados que o Brasil tem alcançado nos esportes paralímpicos se deve à paixão que os atletas têm pelo esporte.
“A grande diferença do Brasil para os outros países, na minha opinião, é que nós fazemos exclusivamente por amor. Por aqui, o investimento sempre foi menor. Tem melhorado, mas ainda deixa a desejar. Os brasileiros conseguem igualar o nível de competição pela força de vontade, alegria e amor pelas modalidades. Eu, por exemplo, sou completamente apaixonado pelo arremesso de peso”, conclui o medalhista de ouro.
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