Grade de Programação

Em conversa com Carlos Gayotto no estúdio Da Pá Virada, Celso Viáfora reflete sobre poesia e vocação para música, fala sobre composições e apresenta algumas de suas belas canções na companhia de um quarteto de cordas

No Entrelinhas desta semana tem entrevista com a dramaturga e escritora Maria Adelaide Amaral sobre os relançamentos literários "Aos Meus Amigos" e "Luísa (quase uma história de amor)". Tem, ainda, uma conversa com a premiada escritora Morgana Kretzmann sobre "Água Turva".

Ao mostrar o cotidiano de uma aldeia Guarani, de uma aldeia Kaingangue e a realidade dos Xetás queremos revelar uma unidade cultural, onde tudo se dá em função de uma crença existencial e ao mesmo tempo denunciar o esquecimento a que foram submetidos. A crença entre os Guaranis e os Kaingangues se assenta nos mitos e na musicalidade que permeia toda a criação e afazeres do grupo. O lugar de onde parte e para onde converge toda essa crença é a língua; ela contém as informações herdadas do passado, os cantos e a música se tornam veículos para que esse passado comunique ao presente as grandezas do povo. Das mais sutis relações sociais à produção material como a confecção de uma canoa, a feitura e o modo de utilização de um pilão, o artesanato, a lavoura, o conhecimento das ervas da mata, a convivência espontânea das crinças e os artefatos sagrados, a cultura se revela mistificada. O Pajé, o Cacique, os Curandeiros e os Professores são aqui uma metáfora que demonstra, ao mesmo tempo, a resitência heróica dos índios e a permanência dos costumes sagrados representada nas lideranças. O Cacique e o Pajé mantêm a unidade do grupo, o primeiro ao assumir a responsabilidade de liderar nas relações com a sociedade brasileira; o Pajé a expressão eterna do sagrado. Os Professores, educadores de coração, ao ensinarem na língua materna e no português dão conta da necessidade de adaptação às novas realidades históricas; eles não ensinam como ser índio, mas como esse ser deve interagir no mundo. Os instrumentos sagrados como o Petyngá, O Maracá e o Takuapú dos Guaranis, o Cachimbo e o Chimarrão dos Kaingangues, ou o Machado de Pedra simbólico dos Xetás tomam a condição de entes comunicadores com a história e o divino que a música, o canto e a língua trazem. Quando simbolicamente a criança passa a cuia de chimarrão ao Pajé guarani, que conversa com o Cacique e os Professores; o casal de velhinhos Kaingangues fuma seu cachimbo na alvorada e o xetá Coen exibe o machado de pedra está claro, como o dia que novamente veio, que suas culturas sobreviverão.