Há um ano, os chilenos estão nas ruas contra a desigualdade social, os fundos de pensão, a repressão estatal, o alto endividamento das famílias, a privatização de recursos naturais de primeira necessidade como a água e o extermínio dos povos indígenas.

Uma alta de trinta pesos – como os nossos conhecidos vinte centavos – na passagem do metrô em outubro de 2019 foi o estopim para o levante. Mas se engana quem pensa ter visto esse filme num cinema chamado Brasil em 2013. Lá, o que começou com estudantes secundaristas, se alastrou pelo país e despertou a fúria contida durante 30 anos de uma democracia determinada pela Constituição de 1980, promulgada por uma das mais cruentas ditaduras do continente.

Por que índices econômicos admirados pelos vizinhos não foram capazes de produzir paz social? Quem são as pessoas que adoecem dia a dia nas chamadas zonas de sacrifício? O que mantém jovens, mulheres, idosos, por quase um ano – com o intervalo da pandemia – na disputa palmo a palmo de uma praça que o Estado e seu braço armado tentam recuperar? O que pode a arte diante do caos?

No próximo dia 25 de outubro, pela primeira vez desde a redemocratização, os chilenos poderão ir às urnas para decidir se terão uma nova Constituição. O plebiscito é uma conquista do movimento de outubro. Se aprovada, será a primeira no mundo escrita por homens e mulheres em quantidades iguais. E esse passo igualitário pode ser o primeiro na direção do reencontro histórico de um país com seu anseio por dignidade.

Com imagens inéditas e entrevistas exclusivas, a TV Cultura apresenta ao público brasileiro o processo social vivido no Chile desde 18 de outubro do ano passado e sua relação com a realidade atual do continente

“Como o Céu é do Condor” é um documentário do jornalista e apresentador do Jornal da Tarde, Aldo Quiroga e tem estreia marcada esta quinta-feira (15), às 22h45, na TV Cultura e site da emissora.