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Com a chegada de dezembro, começa a campanha de conscientização e prevenção contra a AIDS. Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente através do Sistema Único de Saúde (SUS) medicamentos antirretrovirais (ARV), fundamentais para garantir o controle da doença e prevenir sua evolução.

A partir de 2013, o SUS começou a oferecer um tratamento gratuito para todas as pessoas que vivem com HIV, independentemente de sua carga viral. Esse tratamento evita a transmissão do vírus por meio de relações sexuais.

Segundo dados do Boletim Epidemiológico Especial do Ministério da Saúde, atualizado em dezembro de 2019, entre o período de 1980 até junho de 2019, foram registrados no Brasil 633.462 casos em homens e 332.505 em mulheres.

No que se refere às faixas etárias, observou-se que a maioria dos casos de infecção pelo HIV encontra-se na faixa de 20 a 34 anos, com percentual de 52,7% dos casos.

No sexo masculino, 42,6% dos casos ocorreram entre brancos e 48,1% entre negros (pretos, 9,6% e pardos, 38,4%); entre as mulheres, 37,2% dos casos se deram entre brancas e 53,6% entre negras (pretas, 12,9% e pardas, 40,7%). O percentual de casos com a informação sobre raça/cor ignorada é de 8,4%.

Entre os homens, no período observado, 51,3% dos casos foram decorrentes de exposição homossexual ou bissexual e 31,4% heterossexual, e 2% foram entre usuários de drogas injetáveis (UDI). Entre as mulheres, nessa mesma faixa etária,  86,5% dos casos são entre as heterossexuais, e 1,4% na de UDI.

“Ainda hoje, percebemos que muitas pessoas têm medo de viver com HIV ou de um diagnóstico positivo, ainda existe muito preconceito e desconhecimento”, declara Juny Kraiczyk, diretora geral da ECOS – Comunicação e Sexualidade, psicóloga, mestre e especialista em Bioética pela Faculdade de Ciências da Saúde – UNB.

Além disso, ela tem experiência de 20 anos em Organizações Não Governamentais e Governamentais.

Arquivo Pessoal

Segundo Juny, é necessário pensar que tipo de comunicação é necessária e eficaz para diminuir barreiras de acesso, serviços e preconceitos existentes ainda hoje em nossa sociedade.

“Essas questões devem estar mais presentes no dia a dia de populações mais expostas ao vírus, população LGBT de um modo geral, negra, carcerária, pessoas em situação de rua, usuários de droga. Esses grupos apresentam uma frequência maior de HIV”, defende.

Para ela, é necessário falar sobre HIV, não apenas na escola, tem que estar no Youtube, no Whatsapp, Facebook, em todos os lugares de forma acessível, para que possa oferecer uma melhor qualidade de vida para quem está com a doença, para que ele faça a adesão ao medicamento. Já para quem não tem a doença, o acesso a informação também é importante para que essa pessoa saiba que possui o direito de se prevenir.

“Se a pessoa faz adesão ao medicamento de maneira consistente, a tendência é que ele não apresente mais a carga viral, que ele fique indetectável, o que significa que ele não vai infectar outras pessoas e que seu organismo estará conservado”, diz Juny.

TESTAGEM

A diretora geral do ECOS defende que o indicado é que todos que apresentam uma vida sexual ativa realizem o teste pelo menos uma vez todos os anos.

Ela informa que em centros urbanos o teste é realizado rapidamente, entretanto, existem algumas diferenças em municípios afastados, mas de certa forma o acesso é garantido em todo o país.

“Temos que focalizar nossos esforços para garantir que essas pessoas [mais expostas ao vírus] sofram menos preconceito, tenham melhor qualidade de vida, acessem os serviços e ao mesmo tempo os adequando para quem precisa deles”, defende.

“Se o adolescente vai em uma unidade de saúde, ele não precisa ficar ouvindo piadas porque ele foi pegar camisinha, ele deve ser respeitado”, exemplifica.

DIFERENÇA ENTRE HIV E AIDS

O HIV é o vírus, mas ele ainda não é a doença, ele a antecede e se instala no sistema imunológico na célula de defesa. Já a AIDS é quando esse vírus já prejudicou seu sistema e você começa a ter doenças oportunistas decorrentes do HIV.

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SÃO PAULO

Em três anos consecutivos, segundo Boletim Epidemiológico de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs/AIDS) da cidade de São Paulo divulgado nesta terça-feira (1), os novos casos de HIV caíram. 

Em 2019, foram 2.946 novos registros, 11,7% menor do que no ano anterior (3.340). Se comparado com o ano de 2017, a diminuição chega a quase 25% com 3.889 casos.

As notificações da AIDS também tem apresentado ao longo dos anos uma diminuição. Entre 2018 e 2019, a queda foi de mais de 20%, de 2.033 novos casos para 1.623. Já entre 2015 e 2019 a queda é de 30% (2.421 para 1.623).

PREVENÇÃO

“Uma grande parcela do nosso país não sabe se tem a doença ou não, seja porque fez o teste pela última vez há três anos ou porque teve várias relações sexuais que poderiam lhe transmitir a infecção”, afirma Juny.

Para se prevenir, as pessoas podem:

  • Usar camisinha masculina ou feminina em todo contato sexual, seja durante as carícias ou penetração vaginal, anal ou oral. O uso correto da camisinha pode reduzir o risco de ser contaminado em mais de 95%;

  • Não partilhar seringas usadas;
  • Evitar o contato com sangue ou secreções de um indivíduo, que pode estar contaminado;
  • Identificar e tratar qualquer doença sexualmente transmissível porque elas aumentam o risco de contaminação com o vírus HIV.

Além disso, as pessoas podem realizar o uso da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP). A ideia é que as pessoas tomem um medicamento para evitar uma infecção caso ocorra exposição ao vírus da Aids. Para isso, é necessário ingerir, diariamente, uma pílula que contém dois medicamentos (tenofovir e entricitabina) capazes de agir nas enzimas do HIV.

Ele é indicado para pessoas com maior risco de entrar em contato com o HIV, como as que não usam preservativos em relações sexuais, principalmente anais.

TRANSMISSÃO

A transmissão pode ocorrer de diversas formas, além disso, a infecção pode ou não apresentar algum tipo de sintoma entre um período de 5 a 10 anos, ou seja, o único jeito de saber com segurança se apresenta ou não o vírus é realizando a testagem.

O vírus pode ser transmitido através da amamentação, durante a gravidez, em relações sexuais sem o uso da camisinha, partilha de seringas para uso de drogas injetáveis e contato direto com o sangue de uma pessoa HIV +, em acidente de trânsito, cortes e/ou outros tipos de acidentes.

SINTOMAS

“Alguns médicos e a literatura falam que entorno de uma semana após a infecção as pessoas apresentam uma gripe forte, mas é algo super conclusivo, porque existem pessoas que não vão ter”, relata.

Arquivo Pessoal

TRATAMENTO

Juny defende que a primeira coisa a ser feita após a positivação é buscar ajuda médica especializada. Posteriormente, com o tratamento indicado, não é recomendado a paralisação do medicamento, porque normalmente muitos problemas começam a aparecer a partir desse momento.

“É necessário que a pessoa conheça sua doença, pedimos que pesquise sobre, entre em grupos de pessoas que vivem com HIV, conheça os movimentos e que não fique sozinho. A pessoa precisa saber que ela não é culpada, não podemos nos culpar ou culpar o outro, é uma doença que pode acontecer. Atire a primeira pedra quem nunca teve uma relação sexual sem camisinha, isso faz parte da vida e sempre vai fazer”, alega.

“O tratamento atualmente é algo muito individualizado, só o médico poderá dizer qual será o melhor tratamento. Antigamente, tomava-se cerca de 15 comprimidos, atualmente, a pessoa toma dois comprimidos todos os dias e de tempos em tempos realiza a medição da taxa viral. Além disso, ela também cuidará da saúde mental, odontológica etc. Vai se encher de amor por si”, relata.