Uma gravação obtida pelo jornal The Washington Post revela que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou o secretário de estado da Geórgia para que ele "encontrasse" os votos necessários para reverter sua derrota no estado.
"Eu só quero o seguinte: encontrar 11.780 votos, que é um a mais do que nós tivemos, porque vencemos no estado", diz Trump no telefonema de cerca de uma hora com Brad Raffensperger. De tradição republicana, a Geórgia deu uma vitória apertada a Joe Biden e foi um dos estados decisivos para a eleição do democrata. Todos os estados já certificaram a vitória da chapa Biden/Harris, e a posse do novo presidente acontece em 20 de janeiro.
"Sr. Presidente, o desafio que o senhor tem é que suas informações estão erradas", disse o secretário na ligação após Trump repetir as alegações de que houve fraude na Geórgia. Também republicano, Raffensperger é a maior autoridade eleitoral do estado. Em novembro, após anunciar a recontagem manual dos votos, ele relatou ao Washington Post que estava sofrendo ameaças e pressões dos colegas de partido.
Apesar dos resultados das eleições presidenciais já estarem certificados, a Geórgia segue em processo de votação: duas disputas pelo Senado em segundo turno vão determinar em janeiro se a maioria da casa será republicana ou democrata.
"Muito pior que o Watergate"
Para o jornalista Carl Bernstein, a revelação do áudio de Trump é mais séria do que o escândalo conhecido como Watergate, que culminou na renúncia do então presidente Richard Nixon. "Não é dèja vu, isso foi muito pior do que o Watergate", afirmou em entrevista à CNN.
Nos anos 70, também no Washington Post, Bernstein e o colega Bob Woodward publicaram uma série de reportagens que revelaram que Nixon sabia de operações ilegais contra o partido Democrata. Além da renúncia do presidente, o escândalo resultou em 48 condenações.
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