Com 300 mil mortes pela Covid-19, circulação de variantes e menos de 7% da população vacinada, o Brasil se tornou o país mais fatal na pandemia, com as médias diárias de óbitos mais altas do planeta. Em entrevista ao Jornal da Tarde, a microbiologista e fundadora do Instituto Questão de Ciência Natália Pasternak falou sobre a situação do país e medidas que devem ser tomadas para mudar esse panorama.
Para ela, o patamar de casos de mortes atingido pelo Brasil é resultado da má gestão da pandemia: "Significa fracasso em implementar medidas respectivas que poderiam ter diminuído esse número. É claro que a Covid-19 ia levar, infelizmente, um grande número de pessoas, mas esse número poderia ser significativamente menor se tivesse havido um esforço real em implementar medidas restritivas", afirma.
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De acordo com a cientista, o momento pede medidas mais duras para conter o avanço do vírus: "Nós precisamos, como cidadãos, cobrar os governantes: tanto locais como o governo federal, muito embora a gente já tenha perdido a esperança no federal, mas nós precisamos cobrar os governantes para que realmente tenham a coragem política necessária para fazer o que é certo. Eles sabem o que é necessário".
"O Brasil precisa de medidas de redução de mobilidade. O Brasil precisa de um lockdown de verdade, urgente. Essa dicotomia entre lockdown e manter a economia é falsa justamente porque nenhuma economia resiste a uma crise sanitária desse tamanho, como nós estamos realmente vendo", continua. "O lockdown precisa acontecer como medida sanitária, então nós precisamos ter as medidas econômicas que acompanhem, para que seja efetivo, para que ele seja seguro para as populações vulneráveis e para que a economia prontamente se recupere após o lockdown. A economia não vai se recuperar sem o lockdown".
Na avaliação de Natália, embora o Brasil tenha estrutura para imunizar a população efetivamente, o atraso na compra e entrega das doses ajuda a explicar a situação do país. "Nós temos a capacidade de vacinar 1 milhão por dia? Capacidade técnica e de organização nós temos. Nós temos um dos melhores programas de imunização do mundo, mas nós temos vacinas em quantidade para aplicar 1 milhão por dia? Se tivéssemos, já estaríamos aplicando".
"Nós podemos contribuir para a solução da pandemia tanto cobrando dos nossos gestores como nos comportando e dando o exemplo: usando máscara, cumprindo distanciamento físico e social, evitando aglomerações e cobrando não só dos gestores, mas dos vizinhos, dos amigos, dos familiares. É um exercício de cidadania cobrar que o outro também se comporte de acordo e se comporte de maneira a preservar a saúde alheia", conclui a cientista.
Assista à entrevista completa:
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