A cada dia o Brasil bate recordes diários de mortes pelo novo coronavírus. Na quarta-feira (24), segundo o levantamento do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), o país ultrapassou a marca dos 300 mil mortos pela doença desde o começo da pandemia.

O vírus tem se tornado mais forte com a presença de novas variantes, situação que pede maior atenção aos protocolos de segurança, como a higienização das mãos, distanciamento social e o uso de máscara. Com isso, é comum surgir dúvidas sobre qual máscara é mais eficaz e deve ser utilizada.

Para esclarecer questões que tem surgido diariamente na sociedade sobre as máscaras N95, PFF2, cirúrgicas e respiradores elastoméricos, o site da TV Cultura entrevistou o professor de epidemiologia do curso de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) e biólogo da Secretária Estadual de Saúde de São Paulo, Anderson Sena.

O que é uma máscara PFF2/N95?

É uma máscara do tipo “respirador”, que tem regulamentação pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), por serem mais usadas como equipamento de proteção individual em ambientes hospitalares e laboratoriais. Também recebe uma certificação de órgãos ligados à Secretaria do Trabalho após a realização de testes de resistência e desempenho que seguem a Norma de Equipamento de Proteção Respiratória da ABNT e do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).

Em comparação as máscaras convencionais, tem um poder de filtragem maior do ar.

Máscaras PFF2 com válvula devem ser utilizadas?

De acordo com Sena, as válvulas não influenciam no poder de filtração da máscara, seu uso se dá mais pelo conforto ao usuário, já que ela funciona como um componente de exalação do ar quente que se acumula dentro do respirador. Entretanto, como elas não filtram o ar exalado, caso você esteja infectado e utilizando esse tipo de máscara, pode disseminar o vírus ao ambiente.

Com a alta circulação do vírus e das suas variantes, o uso da PFF2 seria ideal para todos?

O ideal é que a sua utilização seja avaliada de acordo com a exposição que cada pessoa tem diariamente ao vírus. Se ela é obrigada a pegar transporte público, se tem uma rotina de contato com pessoas infectadas mesmo em ambientes intradomiciliar e se trabalha em contato direto ou indireto com hospitais, laboratórios e clínicas, sugere-se o uso desse modelo de máscara. “Um exemplo seria a necessidade de ofertar essa máscara a motoristas e cobradores de ônibus que estão em contato com centenas de pessoas diariamente e muitas vezes com um sistema de ventilação deficiente, expondo-os por várias horas a chance de se infectar”, explica o professor.

Procurada pelo site da TV Cultura, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esclareceu que continua a recomendar que máscaras regularizadas para uso por profissionais de saúde, principalmente as máscaras N95 e PFF2 ou equivalentes, sejam priorizadas para estes profissionais, de modo a garantir que os serviços de saúde continuem abastecidos e não deixem de atender pacientes por falta desses insumos básicos.

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Ainda em nota, destacou que existem diversos estudos que comprovam que as máscaras de tecido íntegras, limpas, secas e usadas de forma correta (bem ajustadas, cobrindo nariz, boca e queixo) são eficazes para evitar que gotículas contaminadas sejam expelidas pelo usuário sobre produtos, equipamentos e outras pessoas.

A máscara PFF2 pode ser reutilizada?

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (em inglês: Centers for Disease Control and Prevention - CDC), agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, recomenda o uso por até cinco vezes, caso a manta filtrante esteja em boas condições, o elástico ajustável e a máscara em si não apresentar desgaste, cortes etc.

Não é indicado o uso de produtos químicos como álcool, desinfetantes ou sabões para higienizá-la, como é o caso das máscaras de pano. A sua eficiência se dá por uma ação eletrostática e esses produtos químicos podem comprometê-los.

A máscara Semi Facial Transparente consegue proteger o indivíduo contra o vírus?

Não. Esses modelos não devem ser usados de forma isolada e sim em conjunto com outra máscara. Esse equipamento é mais aplicado para proteção de mucosas, olhos e boca e nariz quanto a gotículas maiores, secreções, sangue e outros fluidos corporais.

Utilizar máscara cirúrgica junto com a de pano protege de maneira semelhante a PFF2?

As máscaras cirúrgicas com uso simultâneo as máscaras de pano protegem contra o Covid-19, entretanto, dependendo do grau de exposição da pessoa e os riscos de contaminação quanto a sua rotina, sugere-se uma máscara mais eficaz, como é o caso da PFF2.

De acordo com Sena, para dizer se essas máscaras protegem tanto quanto, é necessária uma pesquisa que envolva dados estatísticos como média de tempo de uso, tipo de material, atitudes da pessoa que usa, entre outros dados.

A máscara KN95 tem eficácia semelhante a N95?

Ambas são máscaras do tipo respiradores, de boa aplicação à profissionais de saúde. A KN95, de origem chinesa, apresenta dados de eficiência de proteção parecidos a N95, entretanto a Anvisa publicou um informativo sobre ineficácia desses modelos em decorrência de falhas em testes realizados no Brasil. Caso realize a compra, sugere-se a análise do fabricante e o que a Agência recomenda sobre os produtos atualmente.

Os respiradores elastoméricos protegem contra o vírus?

Sim, funcionam contra o vírus. No entanto, diferente da PFF2 que, como um todo é uma peça filtrante, eles funcionam com peças filtrantes que podem ser substituídas em alguns modelos.

Quais cuidados devem ser tomados ao comprar uma máscara pela internet?

É necessário seguir as normas de segurança, ou seja, verificar a procedência do vendedor, qualidade do site, se há certificados de garantia e detalhes que nos passam despercebidos, como erros de gramática, falta de sistemas de comunicação e se há algum tipo de informação do vendedor em outros sistemas de aferição ao consumidor.

Quanto as máscaras serem falsas, é necessário se atentar ao material de acabamento, posição do elástico que fixa a máscara na cabeça e se existem selos de garantia dos órgãos reguladores, como o INMETRO.