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Reprodução/Instagram
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O presidente Jair Bolsonaro criou um orçamento paralelo de cerca de R$ 3 bilhões em emendas para aumentar e manter o seu apoio no Congresso, segundo uma reportagem publicada pelo jornal Estado de S. Paulo no último domingo (9).

A publicação informa que boa parte das emendas eram destinadas à compra de tratores e equipamentos agrícolas com preços de até 259% acima dos valores fixados pelo governo. Os números aparecem em 101 ofícios enviados por deputados e senadores ao Ministério do Desenvolvimento Regional para indicar como as quantias seriam gastas.

De acordo com o texto, o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) escolheu destinar R$ 71 milhões do orçamento federal. Os ofícios também identificam que o deputado federal Claudio Cajado destinou R$ 12 milhões a projetos. A estratégia busca manter a base aliada do governo e é uma forma de ampliar o apoio em seus redutos eleitorais. 

As informações divulgadas no final de semana causaram grande repercussão no meio político, principalmente na oposição. As revelações vieram a público em meio à falta de vacinas contra o coronavírus. 

O senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI da Covid, comentou a reportagem em uma publicação no Twitter. Veja: 

Em entrevista ao Jornal da Tarde, o jurista Rui Celso Reali Fragoso diz que "é evidente que a compra de tratores neste momento não é a prioridade no Brasil. Nós vivemos um momento de crise na saúde, um problema de pandemia que atinge o Brasil de uma forma muito violenta."

"O que é mais grave ainda é a alegada compra dos tratores com o valor superfaturado. Isso tem que ser apurado de uma forma efetiva. Da mesma maneira, as tramitações secretas e de difícil acesso dessas emendas também precisam ser revistas, para que todos tenham conhecimento de como isso é destinado e de qual é a finalidade desses valores altíssimos destinados para determinados núcleos políticos", aponta.

Para apurar a denúncia desse suposto esquema de orçamento paralelo em troca de apoio parlamentar, a oposição acionou órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF).

Em nota, a assessoria de imprensa do senador Davi Alcolumbre afirmou que a destinação de emendas do parlamentar seguiu o trâmite legal de liberação de verbas e que não vai comentar planilhas não oficiais. O Jornal da Tarde procurou também a assessoria de imprensa do Planalto, do Ministério do Desenvolvimento Regional e do deputado Claudio Cajado, mas não obteve resposta.