O aumento de skincare (cuidado com a pele) nesse período pandêmico não é só uma coisa de rede social, é real. Segundo um estudo feito pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal (ABIHPEC), a procura por produtos para cuidados com a pele cresceu em média 21,9% em 2020. Sendo que as máscaras para tratamentos faciais tiveram um aumento no crescimento de vendas de 91% e os produtos para o corpo e esfoliantes 153,2%.
Para falar sobre este aumento, o site da TV Cultura entrevistou algumas especialistas. Entre elas, a esteticista e professora de Saúde Estética, Lidiane Rocha.
Segundo ela, a alta procura por skincare se dá por três razões: “A primeira, é pelo fechamento das clínicas e espaços estéticos durante a quarentena. A segunda, foi a baixa autoestima gerada pela pandemia. O autocuidado vem justamente para aumentar a autoestima e melhorar esse problema. Já a terceira, é pela facilidade no momento de procura.”
“Nas redes sociais somos bombardeados, a todo momento, com informações sobre novos produtos, muitos deles, com promessas milagrosas e com valores acessíveis”, conclui a especialista.
Ela vê o interesse pelo skincare como algo positivo. “O cuidado diário da pele é extremamente necessário na manutenção e potencialização de todos os tratamentos estéticos”. Mas faz um alerta para alguns rituais de autocuidado que podem ser prejudiciais.
“Esfoliação diária da pele com a utilização de sabonetes ácidos e/ou esfoliantes, por exemplo, deve ser feita de uma a duas vezes por semana, mas vejo pessoas utilizando esfoliante diariamente”, conta.
Este uso pode provocar lesões e diminuir a função da barreira de proteção da pele induzindo, assim, o aparecimento de manchas e o efeito rebote, que é a piora da queixa do cliente, aponta a esteticista. “As máscaras faciais e corporais também são produtos de uso profissional, mas vejo seu uso diário sendo difundido indiscriminadamente”, acrescenta.
Dessa forma, Lidiane aponta alguns cuidados básicos diários que são recomendados, como a escolha de um sabonete e de um tônico correto para o tipo de pele da pessoa e o uso frequente do filtro solar. “É preciso estar atento para que ofereça a proteção indicada contra a radiação UVA e UVB”, diz.
Aliado a esses cuidados básicos, ela conta que é interessante o uso de um produto específico noturno focado no tratamento da disfunção estética que a pessoa tenha. Por exemplo: se a queixa do cliente é envelhecimento da pele, o uso de um anti-aging diário pode ser indicado.
Quanto aos exageros, a esteticista alerta: “O uso de produtos profissionais diariamente pode prejudicar a pele. Existem produtos que devem ser utilizados apenas uma vez por semana e que são vendidos livremente em drogarias e perfumarias, induzindo o público final ao erro”.
Home office
Em entrevista, a dermatologista e membro da Associação Brasileira de Medicina Estética (ABME) Dra. Bárbara Carneiro diz que o aumento de skincare está atrelado também ao home office.
“Os cuidados caseiros aumentaram durante a pandemia porque as pessoas estão saindo cada vez menos de casa. Esse aumento se deve principalmente à auto critica com as reuniões home office onde é possível visualizar a face como um todo”, diz.
A especialista notou um aumento de 60 a 70% de pessoas que vão ao seu consultório preocupadas com a estética da pele.
Tanto Lidiane, como Bárbara veem o aumento da procura por skincare como uma tendência para o pós-pandemia.
“O uso do skincare já estava em ascensão antes da pandemia. As pessoas descobriram que o cuidado diário é muito importante na manutenção da integridade da pele e no retardo do envelhecimento. Então sim, acredito que será uma crescente mesmo após a pandemia”, diz a esteticista.
Para a dermatologista, o skincare é uma tendência assim como o home office. “A vida mudou durante a pandemia e vai mudar ainda mais no pós-pandemia”.
“A minha dica como profissional para todos que querem usar o skincare, com qualidade e resultados, é que procurem um profissional que faça uma avaliação personalizada de acordo com cada pele, e só após isso, faça a indicação correta dos produtos necessários. Afinal, somos seres ímpares e não existe cosmético coringa, o que é bom para minha pele não necessariamente será boa para a pele do outro”, finaliza Lidiane Rocha.
Mercado
O aumento de skincare na pandemia não é benéfico apenas para autoestima das pessoas, nem só para os profissionais de estética que lidam diretamente com isso, como a esteticista e a dermatologista. Acaba beneficiando também o mercado de cosméticos.
Conhecida como Kika, Elcy Chammas é uma farmacêutica e fundadora da Dermare, marca brasileira de dermocosméticos para tratamentos estéticos, faciais e corporais.
A Dermare faturou mais de R$ 2 milhões em ano de crise, com a venda de mais 150 toneladas de produtos em 2020.
“Apesar das adversidades e desafios, apresentamos, no ano passado, um crescimento de 200% no faturamento durante a pandemia e conseguimos mais que o dobro do número em relação a 2019”, conta Kika.
Ela explica como conseguiu esse crescimento da marca: "Começamos a desenvolver um trabalho mais próximo aos nossos distribuidores e fizemos muitas lives para levar conteúdo também aos profissionais da estética".
“As redes sociais foram nossas grandes aliadas para esse resultado, que vai na contramão de muitas empresas que não conseguiram sobreviver, se reinventar ou se manter nesse momento triste e instável em que vivemos”, finaliza.
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