O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta (25) que a tese da imunidade de rebanho foi difundida no governo no início da pandemia de Covid-19. Segundo Guedes, o ponto foi levantado pelo então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
"O ano passado foi muito difícil, mas operava-se sob uma orientação geral, e às vezes se fala até que foi o governo que fez isso, mas não foi. O primeiro ministro da Saúde que nós tivemos popularizou dentro do governo, ele fez uma bela análise de diagnóstico. Ele disse: 'a pandemia é séria, ela vai subir exponencialmente nos primeiros meses, [...] depois ela estabiliza num platô e depois desaba'", disse o ministro, em reunião da Comissão Temporária da Covid-19 do Senado Federal.
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De acordo com Guedes, Mandetta afirmou que o distanciamento social adotado para reduzir a velocidade de contágio resultaria na chamada imunidade de rebanho. As ideias, porém, são contraditórias, já que o distanciamento busca diminuir o contato entre os indivíduos para reduzir infecções, e não criar uma suposta imunidade por meio da contaminação.
"A teoria exposta para nós, que nós acreditamos, e que vimos acontecer - e [Mandetta] estava certo. Ele falou: 'março, abril e maio, [a pandemia] sobe forte, então temos que fazer o distanciamento social, porque com o distanciamento social ela não sobe tão verticalmente. Ela vai subir um pouco mais devagar, e aí vai dar tempo de ir criando a imunidade de rebanho aos poucos, porque se pegar em todo mundo ao mesmo tempo explode a capacidade hospitalar'", afirmou Guedes.
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"A ideia de imunidade de rebanho foi difundida logo no início. [...] Não se falou em barreira sanitária, testagem em massa, vacinas, nada. A ideia foi: vamos aos poucos porque, se for todo mundo ao mesmo tempo, explode a capacidade hospitalar", completou o ministro.
Em depoimento à CPI da Covid, entretanto, Mandetta não defendeu que a disseminação do vírus traria uma suposta imunidade coletiva. Ele foi ouvido no Senado no início de maio, e afirmou que teve "a impressão" de que o governo federal apostou nessa estratégia.
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"A impressão que tenho é de que havia algumas teorias mais simpáticas [para o presidente]. 'O brasileiro vai se contaminar, mora em aglomerados, mora sem esgoto. Vai atingir o coeficiente de proteção de rebanho', essa foi uma das teorias que pode ter servido de inspiração dessas pessoas para levar até o presidente", disse o ex-ministro.
Sucessor de Mandetta, Nelson Teich também citou a ideia em depoimento à CPI. "Essa tese de imunidade de rebanho, em que você adquire a imunidade através do contato e não da vacina, isso é um erro. [...] Imunidade você tem pela vacina", afirmou.
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