Um ofício da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia enviado à CPI da Covid mostra que a pasta comandada por Paulo Guedes apostou no recuo da pandemia da Covid-19 em 2021 sem consultar o Ministério da Saúde.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP), vice-presidente da comissão, enviou um requerimento para Guedes pedindo explicações sobre as declarações de Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica, afirmou, em 17 de novembro, que o país caminhava para a "imunidade de rebanho" e as probabilidades de segunda onda da doença era baixa.
No ofício, Guedes apresentou em anexo um despacho assinado por Sachsida como resposta. Segundo o secretário, "não houve qualquer comunicação e/ou troca de documentos do Ministério da Saúde (MS) com a SPE".
Segundo Randolfe, o despacho da SPE "é uma prova material da omissão do governo, da falta de política de enfrentamento da pandemia". Para ele, a resposta mostra que "não tinha uma coordenação".
Outros documentos mostram que o secretário de Política Econômica fez uma política baseada em “uma série de informações levantadas pela equipe técnica da SPE acerca da evolução da pandemia”.
Entre as informações levantadas estão "altas prevalências [subnotificação de casos], limiares de imunidade coletiva revisados, indicação de queda e distância da chegada do inverno (no hemisfério sul), ausência de fatos novos relevantes como nova cepas de maior transmissibilidade e expectativa positiva do início da vacinação".
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Nos documentos enviados pela CPI também são explicadas as funções da SPE. "Nessa vertente, [o órgão] avalia os impactos macro e microeconômicos de diversas medidas e políticas públicas com o intuito de possibilitar o suporte ao processo de tomada de decisão do Ministério da Economia, bem como de delinear e justificar as escolhas técnicas de políticas econômicas".
Sachsida ressaltou falou que "a SPE não utiliza nenhum modelo preditivo da pandemia e continua baseando suas projeções em análises econômicas com o mínimo de inferências de natureza epidemiológica".
Segunda onda e vacinação lenta
A falta de comunicação com o Ministério da Saúde afetou na política econômica do país. O principal exemplo é a retomada do Auxílio Emergencial, política pública implementada no ano passado, apenas em abril de 2021.
Para Randolfe, isso mostra como não houve um planejamento da pasta econômica. "Não existiu nenhum tipo de política econômica para enfrentar as consequências da pandemia”.
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