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Reprodução/Twitter: @ErikaKHilton
Reprodução/Twitter: @ErikaKHilton

Para especialistas, o incêndio que destrói desde a tarde desta quinta (29) uma unidade da Cinemateca Brasileira era uma tragédia anunciada. O fogo atingiu um galpão da instituição, que é o maior centro audiovisual da América do Sul, no bairro Vila Leopoldina, capital paulista. 

Em entrevista ao Jornal da Cultura, o cineasta Francisco Martins, diretor da Associação Paulista de Cineastas (Apaci) e membro do SOS Cinemateca, reforçou que o setor fez sucessivos alertas sobre os riscos ao acervo da instituição. "Nós estamos falando isso e o governo dizendo que está tomando providências. Nós avisamos sim, a cada dia que passa o risco aumenta. É um incêndio anunciado, portanto essa omissão é uma omissão criminosa", afirmou.

Assista à reportagem:

Leia mais: Incêndio atinge unidade da Cinemateca Brasileira na Vila Leopoldina

As chamas teriam começado em um aparelho de ar condicionado que passou por uma manutenção feita por empresa terceirizada, contratada pelo governo federal. O fogo se alastrou rapidamente e destruiu cerca de 400 metros quadrados do galpão. 18 viaturas e 70 bombeiros trabalham para controlar o fogo no local.

O prédio tem mais de 6 mil metros quadrados de área construída e guarda parte do acervo da Cinemateca, como arquivos de filmes, que podem ser altamente inflamáveis, de acordo com os bombeiros.



A Secretaria Especial da Cultura, responsável pela administração da Cinemateca, afirmou que a manutenção do sistema de climatização aconteceu ha um mês. O órgão informou que solicitou apoio da Polícia Federal para investigar as causas do incêndio. 

Crise na área cultural

Depois de perder o status de ministério no governo Bolsonaro, o setor cultural enfrentou sucessivas crises. A Associação Comunicação Educativa Roquette Pinto, que administrava a Cinemateca, entregou as chaves para a Secretaria Especial da Cultura e demitiu 52 funcionários. A entidade alegou que não tinha como pagar o corpo técnico, altamente especializado. Houve dispensa também do pessoal da limpeza e da manutenção.

Em julho de 2020, o Ministério Público Federal entrou com uma ação na Justiça contra a União por abandono da Cinemateca.

Há três meses, trabalhadores da Cinemateca lançaram um manifesto em que alertam para os riscos ao acervo da instituição sem o acompanhamento adequado. 

"A possibilidade de autocombustão das películas em nitrato de celulose, e o consequente risco de incêndio frequentemente recebem mais atenção da mídia e do público. A instituição enfrentou quatro incêndios em seus 74 anos, sendo o último em 2016, com a destruição de cerca de 500 obras. O risco de um novo incêndio é real. O acompanhamento técnico contínuo é a principal forma de prevenção", diz o texto.

Patrícia Fillippi, chefe do CEDOC da TV Cultura e coordenadora do laboratório de recuperação de filmes da Cinemateca, esteve no local do incêndio e criticou o descaso com o setor: "Aqui é a fisionomia do caos. É aqui que nós vemos a maneira como a cultura brasileira é tratada". 

"A Cinemateca já passou por uma inundação aqui, neste mesmo prédio, e não serviu de alerta, não serviu de nada. Aqui tinham os documentos da cultura cinematográfica brasileira, que deveria estar sendo preservada pela cinemateca, mídias em sua diversidade e uma reserva técnica feita com as melhores condições. E não tinha zelo, não tinha manutenção. É esse o estado da arte brasileira", completou. 

Assista ao Jornal da Cultura desta quinta (29) na íntegra: