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O Ibovespa fechou em baixa nesta quarta-feira (4), com as ações do Bradesco entre as maiores pressões negativas após resultado trimestral, assim como os papéis da Petrobras, na esteira do recuo do petróleo no exterior.

Preocupações com a situação fiscal do país, em meio a movimentações populistas do governo federal também pesaram na sessão, que reserva ainda um esperado aumento maior da Selic e mais balanços corporativos.

O índice de referência do mercado acionário brasileiro caiu 1,44%, a 121.801,21 pontos, quase perdendo o patamar dos 121 mil pontos no pior momento.

Já o dólar fechou com variação negativa de 0,03%, cotado a R$ 5,189.

O que aconteceu com a Bolsa? O recuo do Ibovespa de hoje acompanhou o movimento de correção das bolsas norte-americanas, causado por preocupações com a desaceleração do crescimento econômico e o impacto da covid-19 em setores sensíveis. No lado doméstico, pesou o balanço do Bradesco, que registrou lucro aquém do esperado e teve a maior baixa do dia, de 4,36%, nas ações preferenciais (as ordinárias caíram 3,53%).

“A queda do Bradesco acabou puxando as empresas do setor financeiro e penalizando o índice. O mau resultado veio por conta do fraco resultado do lado de seguros”, explica Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. “O desempenho do segmento foi impactado pela elevação do índice de sinistralidade pelos eventos relacionados à covid-19”.

Outra queda bastante sentida foi a da Petrobras (-3,61%), que foi contaminada pela forte queda do petróleo antes da divulgação do balanço da companhia do segundo trimestre ainda nesta quarta-feira. A expectativa é de que mostre lucro de US$ 0,82 por ação, segundo a estimativa média dos analistas da Refinitiv, ante prejuízo de US$ 0,39 um ano antes.

Ainda hoje será conhecida a decisão de política monetária do Banco Central, com muitos no mercado esperando uma alta da Selic para 5,25% ao ano. Pesquisa Reuters apontou que o Copom elevará a taxa básica de juros em 1 ponto percentual nesta quarta-feira, acelerando o ritmo de aperto em relação à decisão anterior, no maior aumento de juros desde 2003, em uma tentativa de evitar que a inflação galopante deste ano se estenda para 2022.

“O foco estará no comunicado, com a sinalização do que esperar para o encontro de setembro. É provável que indique a possibilidade de uma nova alta da mesma magnitude”, afirmou o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.

Investidores também continuam atentos ao noticiário de Brasília, em particular discussões com potencial efeito no quadro fiscal do país.

Entre os destaques do dia, Cosan caiu 4,06% após a Raízen, joint venture entre a empresa e a Shell, precificar sua oferta inicial de ações a R$ 7,40 por papel na terça-feira, no piso da faixa estimada, sem a colocação de lote adicional. A operação movimentou R$ 6,9 bilhões, no maior IPO do ano no Brasil.

Natura, por sua vez, subiu 1,25%, na segunda sessão consecutiva de recuperação, após forte ajuste negativo recente, com queda em seis de sete pregões até a segunda-feira, quando acumulou declínio de 11,6%. Os papéis têm sofrido com perspectivas de números fracos na base trimestral no balanço do período de abril a junho.

O que aconteceu com o dólar? O dólar oscilou ao longo do dia, mas fechou esta quarta-feira em torno da estabilidade, ao fim de uma sessão em que repercutiu dados econômicos e sinais da política monetária nos EUA em meio às expectativas para o Copom e ao ruído fiscal mais recente.

O dólar à vista teve variação negativa de 0,03%, a R$ 5,1890 na venda, após oscilar entre R$ 5,1653 (-0,48%) e R$ 5,2466 (+1,08%).

A moeda começou o dia em leve queda, mas ensaiou alta posteriormente frustrada por dados mais fracos de emprego nos EUA. A partir de 11h, contudo, a cotação teve um rali puxado por dados mais fortes de serviços nos EUA e por declarações “hawkish” (pró-aumento de juros) do vice-chair do Federal Reserve, Richard Clarida.

Os dois eventos corroboraram o debate sobre redução da oferta de dinheiro barato dos EUA, que desde o ano passado tem em parte sustentado preços de ativos arriscados, como o real, em todo o mundo.

No Brasil, depois de bater a máxima da sessão no fim da manhã o dólar começou a perder força, com analistas citando comportamento parecido no mercado de juros, a poucas horas da decisão do Copom.

“Virão uma alta de 1 ponto percentual e um comunicado bastante duro”, disse Cláudio Pires, diretor da MAG Investimentos, prevendo que no texto o Banco Central deixará sinalizada outra elevação de juros na mesma magnitude para a reunião de 21 e 22 de setembro.

Juros mais altos beneficiam o real, pois melhoram a perspectiva de entrada de recursos para investimento na renda fixa, potencialmente elevando a oferta de dólares e, assim, baixando o preço da moeda.

Mas o mercado de câmbio segue mantendo prêmio de risco acumulado desde a última sexta-feira, quando o dólar deu um salto impulsionado por renovada insegurança fiscal. O dólar futuro tinha alta de 2,6% frente ao real desde então, enquanto no mesmo intervalo a moeda subia entre 0,1% e 0,6% ante peso mexicano, rublo russo e lira turca, alguns dos principais pares do real.

“É normal o mercado pedir esse prêmio, não só pelos precatórios, mas pela reforma tributária, que todo dia tem um capítulo novo. Se houver alguma renúncia fiscal (na reforma tributária), menor arrecadação, é mais pressão sobre as contas”, disse Pires, da MAG Investimentos.

Maiores altas:

Usiminas (+4,60%)

Klabin (+2,04%)

Natura (+1,25%)

Maiores baixas:

Bradesco PN (-4,36%)

Cosan (-4,06%)

Petrobras ON (-3,61%)

Com a Reuters